Angola poupa 140 milhões USD com redução de taxas da dívida ao FMI
O Governo garantiu uma pequena poupança e mostrou serviço junto de investidores internacionais, onde teve de responder a várias questões. Angola ainda gera muitas dúvidas no que diz respeito a questões como transparência em relação às políticas fiscais e ao repatriamento de dividendos.
Angola vai beneficiar de uma redução dos custos financeiros associados à sua dívida contraída junto do Fundo Monetário Internacional (FMI), depois de a instituição multilateral ter aceitado o pedido dos países membros para reformular o processo de concessão de empréstimos, o que vai permitir uma poupança equivalente a 140 milhões USD entre 2025 e 2032, apurou o Expansão.
O anúncio desta medida foi feita pela ministra das Finanças, Vera Daves de Sousa, que falava à margem das reuniões de Outono do FMI e Banco Mundial, que terminaram na semana passada em Washington. A governante adiantou que esta medida é uma iniciativa enquadrada na revisão das taxas, apresentada pelos países membros da instituição financeira.
A responsável explicou que os membros das duas instituições financeiras internacionais defendem a reformulação do processo de concepção de empréstimos, a fim de tornar mais fácil o acesso ao crédito, principalmente para os países em desenvolvimento.
Ao que o Expansão apurou esta alteração permite a poupança de 105 milhões em Direitos Especiais de Saque (a unidade monetária do FMI), que hoje é equivalente a cerca de 140 milhões USD, até 2032.
Vera Daves de Sousa disse ainda que existe um conjunto de reformas que continuarão a ser debatidas, sobretudo os custos com as consultorias de projectos e os benefícios dos mesmos.
Relativamente à dívida do país, a ministra das Finanças disse que o Governo está a fazer uma gestão pro-activa do seu passivo, o que implica encontrar oportunidades que permitam reduzir o custo da sua dimensão, gradualmente.
Ao que o Expansão apurou, Vera Daves de Sousa manteve reuniões em Washington com grandes investidores em dívida soberana dos países, tendo ouvido várias recomendações sobre a forma como o Executivo deve encarar os mercados financeiros. Entre as sugestões destes grupos de investidores, constam questões como a necessidade de melhorar a comunicação das políticas implementadas pelo Governo, mas também a necessidade de haver maior transparência em relação às políticas fiscais, que os investidores consideram ser fundamentais para dar credibilidade e demonstrar estabilidade do País. "Muitos queriam perceber melhor as facilidades sobre o repatriamento dos dividendos e perceber também sobre se as reformas no País continuam", avançou ao Expansão uma fonte que esteve na capital dos EUA.
A delegação angolana a Washingont foi integrada pela ministra das Finanças e governadora junto do FMI, Vera Daves de Sousa, o Governador do Banco Nacional de Angola e governador suplente junto do FMI, Tiago Dias, e o presidente do Fundo Soberano de Angola, Armando Manuel, além de altos responsáveis e técnicos dos dois departamentos governamentais.
Alguns órgãos de comunicação social internacionais escreveram que a ministra das Finanças disse que o País aproveitou a ocasião para dar o primeiro passo para um eventual novo programa de financiamento a Angola. "O que pedimos ao FMI foi uma nota com opções sobre aquilo que poderia ser um programa, e o que estamos a fazer é analisar internamente no Ministério das Finanças. Não iniciámos qualquer tipo de negociação, pedimos informação e estamos a analisá-la, mas ainda não tivemos oportunidade de discutir a outros níveis, dentro do Governo, é mesmo um trabalho técnico interno do Ministério", afirmou, citada pela agência Lusa.
Justificou depois que gosta de "ter todas as opções em cima da mesa" e que havendo um "gap" de financiamento, as instituições multilaterais, por terem custos mais baixos, "são sempre uma boa opção a considerar".
Leia o artigo integral na edição 800 do Expansão, de sexta-feira, dia 01 de Novembro de 2024, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)