Os activos do Banco Nacional de Angola (BNA) geridos pela Gemcorp mais do que duplicaram no ano passado, passando de 286.532 milhões Kz em 2022 (equivalentes a 570 milhões USD) para um total de 601.697 milhões Kz (725 milhões USD), como resultado não só da depreciação cambial, já que estes activos estão fixados em dólares, mas também de uma nova aplicação do banco central num fundo que, segundo apurou o Expansão, está sedeado no Luxemburgo.

A carteira de activos do BNA sobre o exterior valia, no final de 2023, quase 1,1 biliões Kz. Essa carteira está dividida entre gestores externos e fundos de investimento (ver tabela).

A Gemcorp aparece na lista de fundos de investimento, mais concretamente através de um já antigo (2017), denominado Gemcorp Fund Limited, que é uma aplicação num fundo de capital de risco valorizado em 492.786 milhões Kz no final de 2023 (+72% do que em 2022 devido à desvalorização cambial e a uma mais valia de 16,3 mil milhões Kz gerada no ano passado), e um novo no valor de 108.911 milhões Kz, aplicado num fundo de "dívida pública e corporate".

De acordo com o relatório e contas de 2023 do BNA, no que se refere aos gestores externos e fundos de investimento, "durante o exercício de 2023 destacou- -se a constituição de um novo veículo de investimento na carteira de Fundos gerida pela GemCorp, denominado L-Crest no montante de 133,89 milhões USD com maturidade em Setembro de 2024".

No entanto, em 31 de Dezembro de 2023, este fundo tinha um valor de mercado avaliado em 131,40 milhões USD, o que pressupõe uma perda potencial do BNA de cerca de 2,5 milhões USD com este investimento. Mais nada se sabe publicamente quer sobre este novo activo, quer sobre o outro fundo de capital de risco gerido pela Gemcorp que, ainda assim, no ano passado apresentou mais valias de 16,3 mil milhões Kz, equivalentes a quase 20 milhões USD.

Em resposta a questões do Expansão, o governador do BNA, Manuel Tiago Dias, refere que "o investimento do Banco Nacional de Angola no Fundo L-Crest consiste numa carteira de títulos de dívida soberana, sendo que, para melhor análise, é imperativo perceber a dinâmica dos investimentos em renda fixa, cuja valorização faz sempre referência às perdas ou ganhos potenciais, até ao momento da venda ou vencimentos dos títulos. Assim, a perda de 2,5 milhões USD não é realizada, mas sim unicamente potencial, à semelhança dos demais títulos de dívida soberana constantes das carteiras de outros gestores do Banco Nacional de Angola, bem como os títulos de dívida soberana sob gestão interna do Banco Nacional de Angola. Importa igualmente frisar que, na data de vencimento, o investidor detentor dos títulos recebe sempre o valor nominal dos títulos".

Leia o artigo integral na edição 775 do Expansão, de sexta-feira, dia 10 de Maio de 2024, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)