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Opinião

A contabilidade do crescimento

Laboratório Económico

Fim da pandemia, começo de quê? Terá razão de ser esta pergunta, não só para Angola, como para o mundo? Não há nenhuma certeza quanto à descoberta de uma vacina que torne a Covid-19 numa gripe normal, semelhante a outras periodicamente na cena sanitária de todos os países.

No debate para as presidenciais dos Estados Unidos de Novembro próximo, realizado no dia 29 de Setembro, ficou patente o quão distante ainda se está desse objectivo.

Aparentemente todos os especialistas são unânimes em afirmar que os países necessitam de definir novos paradigmas de crescimento, aproveitando-se a alteração de comportamentos e corrigindo-se os efeitos negativos. E é neste contexto que se coloca a questão: o objectivo é o crescimento a longo prazo ou o combate à recessão económica instalada no País desde 2015? As variáveis a considerar, programar e gerir são diferentes nos dois casos. O Governo está convencido de que o combate à recessão se faz por intermédio de políticas restritivas, orçamentais e monetárias, que contribuam para a estabilidade dos três agregados macroeconómicos tradicionais: défice fiscal (por isso se fala tanto na consolidação fiscal), inflação (controlada pela via monetária e não pela do crescimento da produção e da oferta interna) e dívida pública. É a conhecida dicotomia estabilidade/crescimento: complementaridades e conflitos que cada País tem de equacionar e resolver de acordo com as suas situações presentes e condições futuras para o desenvolvimento. Este é um assunto que convida a uma reflexão profunda, de modo a poder-se, minimamente, visualizar o pós Covid-19. É uma daquelas matérias de muita discussão, dada a ampla divergência de opiniões. Estabilizar primeiro e depois atacar o crescimento, ou promover o crescimento de modo a garantir-se uma estabilização macroeconómica e uma consolidação fiscal sustentadas (no tempo e nos respectivos fundamentos)? Ou, usando painéis bem formulados de prioridades e considerando o tempo como uma variável estratégica, dosear uma e outro? Os centros de investigação económica e reflexão social (estes conflitos e complementaridades têm efeitos sociais notáveis) e as academias, em geral, possuem (ou deveriam possuir) boas bases teóricas de análise e avaliação, a que se devem juntar os inúmeros estudos de caso conhecidos.

Também relevante pensar-se se no curto prazo se pretende proteger os empregos existentes (os salários poderão sair deprimidos num eventual contexto de retoma da actividade económica, configurando-se, do mesmo modo, um conflito entre manter o emprego ou garantir o salário) ou promover novas empresas e sectores (os dirigentes políticos e económicos de Angola vão ter de pensar na configuração de uma nova matriz sectorial imposta internacionalmente pelas transições mundiais em curso: a transição energética - do carbono para as renováveis, em defesa do ambiente - e a transição para uma economia do conhecimento). O que se decidir neste ínterim, vai ter reflexos futuros.

(Leia o artigo integral na edição 594 do Expansão, de sexta-feira, dia 2 de Outubro de 2020, em papel ou versão digital com pagamento em Kwanzas. Saiba mais aqui)