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Angola

Preços da saúde crescem 6% no centro da cidade e caem 2% nos bairros

CESTA BÁSICA DO EXPANSÃO NO PRIMEIRO SEMESTRE

Existe uma enorme diferença nos preços dos produtos e serviços prestados no centro da cidade e nas periferias de Luanda devido à disparidade na qualidade dos serviços prestados e dos profissionais nos diferentes estabelecimentos. No centro o serviço tem melhor qualidade em relação aos bairros.

Os preços de alguns produtos e serviços de saúde que compõem a cesta básica seleccionada pelo Expansão registaram um aumento de 6% no centro da cidade e uma redução de 2% nos bairros da capital nos primeiros seis meses do corrente ano, de acordo com uma ronda feita nas farmácias Central, Mecofarma e Farmácia Maianga bem como nas clínicas Girassol, Medical Center e Sagrada Esperança que funcionam no centro da cidade. Nos bairros, o levantamento foi feito nas farmácias Aris e Farmácia Benção bem como nas clínicas Vox Dei e Afonso nos bairros Rocha Pinto e Cassequel.

No centro da cidade, onde os preços aumentaram, o cabaz saiu de 280.629 Kz em Janeiro para 296.907 Kz em Junho do corrente ano. Mas, ainda assim, apesar de se ter registado um aumento médio houve também reduções nos preços de alguns produtos. Já nos bairros, ao contrário do que se verificou nas zonas mais nobres da capital, os preços reduziram ligeiramente, ao sair de 27.000 Kz para 26.585 Kz. (ver tabelas)

A cesta básica seleccionada pelo Expansão é composta pelos fármacos usados no tratamento de algumas das doenças mais frequentes no País, como é o caso da malária, infecção urinária, febre tifoide, diarreia e hipertensão arterial. De acordo com o médico de clínica geral, Igor Santos, muitas destas doenças são resultado das precárias condições de vida da população bem como da falta de saneamento básico que, no final, afecta todos os nichos da população apesar da classe de baixa renda ser a mais afectada.

O preço de uma receita médica, ainda segundo Igor Santos, pode variar de acordo com a gravidade da patologia. Se está em fase inicial, explica, a dose pode ser mais leve o que por si só pode influenciar no preço da receita.

Além dos fármacos, para um tratamento médico, é necessário primeiro a realização de consultas e exames. Estas podem ser feitas nas unidades hospitalares públicas ou privadas das diferentes zonas da capital. No entanto, devido às enchentes, morosidade e à má qualidade no atendimento dos hospitais públicos a população vê-se muitas vezes obrigada a recorrer aos privados. Estas instituições oferecem serviços de saúde com preços mais altos ou mais acessíveis em função da localização e da qualidade dos serviços que presta.

Preços na cidade são até 15 vezes mais caros

Segundo apurou o Expansão, um serviço de saúde prestado por uma clínica no centro da cidade pode custar até 15 vezes mais do que nos bairros. Para se ter uma ideia, uma consulta de medicina geral pode custar em média 3.500 Kz nas clínicas da periferia, enquanto nas principais clínicas da cidade o preço médio é de 39.531 Kz. Há casos em que uma consulta destas chega a custar mais de 50.000 Kz. Para o médico especialista em pediatria, Adriano Manuel, as clínicas mais caras cobram estes preços por causa da qualidade do serviço que oferecem, dos equipamentos e da mão- -de-obra qualificada que possuem, que é quase sempre melhor do que nas instituições públicas. À semelhança dos serviços, os medicamentos comercializados nas farmácias localizadas nas periferias são mais baratos em relação às das zonas de maior prestígio. De acordo com Adriano Manuel, essa disparidade está ligada à qualidade e à proveniência destes produtos. Por exemplo, os mais baratos são aqueles que chegam ao País sem a devida certificação e avaliação de controlo e qualidade, com muitos também a serem vendidos em praças, naquilo a que a população costuma chamar de "os medicamentos da Índia".

Vale lembrar que os serviços públicos de saúde no País apresentam ainda muitas debilidades e são recorrentes queixas de famílias de pacientes sobre negligência e corrupção. São também recorrentes os casos em que hospitais públicos não disponibilizam alguns tipos de exames específicos por falta de equipamentos, obrigando os pacientes a procurar esses serviços nas clínicas privadas. Este cenário condiciona quem não tem meios para custear os preços praticados nas clínicas.

No caso dos medicamentos o cenário é semelhante, às vezes até para medicar pacientes internados nas unidades hospitalares estatais, os familiares são obrigados a comprar os fármacos fora e a fornecer ao hospital.

Importa referir que, de acordo com as estatísticas do Instituto Nacional de Estatísticas (INE), nos primeiros cinco meses do ano, os preços da saúde foram os que mais subiram depois das bebidas alcoólicas e tabaco. Ainda assim, houve uma desaceleração dos preços da saúde em Janeiro de 2,2% e em Maio de 1,4%.

Leia o artigo integral na edição 833 do Expansão, de Sexta-feira, dia 04 de Julho de 2025, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)

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