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Opinião

Os ciclos económicos em Angola - de onde se vem e para onde se vai

Laboratório Económico

Com o recente anúncio oficial antecipado sobre a queda de 5,1% do PIB em 2020 (mais 1,1 pontos percentuais que o FMI e igualmente o mesmo relativamente ao Banco Mundial, e mais 1,5 pontos percentuais admitidos no Relatório de Fundamentação do OGE 2021) o tema do crescimento está novamente aberto e com ele o dos ciclos económicos, da qualidade dos dados estatísticos, da interferência política sobre os resultados e da independência de actuação de certos órgãos, para além do Banco Nacional de Angola .

Os desvios anteriores são normais em ciências não exactas, valendo o seu apontamento apenas como alerta para a necessidade de, sejam quais forem os seus valores, terem de ser assumidos em defesa do rigor das intervenções públicas e das políticas de correcção. Maus diagnósticos não conduzem a actuações correctas, visando a alteração das situações e a resolução dos problemas. Não é por aqui que as críticas devem ser alinhadas, mas sim sobre os conteúdos e o realismo das estratégias governamentais.

O estudo dos ciclos económicos é tremendamente exigente em estatísticas (em quantidade, qualidade e diversidade) e rigoroso na sua fundamentação científica. Natureza, causas, duração e correlações são os itens a serem considerados nesta análise, para que se produzam aproximações correctas sobre a realidade propiciadoras da definição de políticas económicas e sociais de conjuntura ou de curto prazo . "O estudo dos ciclos económicos é uma área de investigação com uma longa tradição em economia. A este respeito, é importante notar que existem dois tipos de ciclos económicos comumente considerados na literatura: o ciclo económico clássico e o ciclo de crescimento. Os ciclos clássicos referem-se a períodos alternados de contracção e expansão enquanto, os ciclos de crescimento dizem respeito a períodos alternados de aceleração e desaceleração da actividade económica. Em geral, antes de uma recessão, há uma desaceleração da atividade económica e usualmente observa-se uma aceleração antes de se atingir uma fase de expansão. Além disso, pode haver desacelerações que não se traduzem em recessões ou acelerações que não resultam em fases de expansão" . Complicado? Claro que sim, mas fundamental para se compreenderem as causas das coisas. Por isso, o CEIC está a estudá-las para Angola e os resultados a serem incluídos no seu Relatório Económico.

Retirando-se o período entre 1976 e 1985, durante o qual se verificou um apagão estatístico, é possível datar o início dos ciclos económicos em Angola em 1989, graças ao papel do FMI depois da adesão às instituições de Bretton Woods em 1984, através dos seus relatórios sobre a situação económica e financeira, mormente no âmbito das Missões ao abrigo do Artigo 4º. Mas igualmente através de um Relatório, em dois volumes, de uma Missão do PNUD em 1989 , elaborado por uma equipa chefiada pelo saudoso, Silva Lopes e da qual fez parte o meu actual confrade da Academia das Ciências de Lisboa, Jorge Braga de Macedo. São relatórios fundamentais para se escrever a História Económica de Angola .

Assim sendo, os primeiros movimentos, para cima e para baixo, registados pela economia de Angola, podem ser expressos pelo gráfico seguinte e correspondentes à década de transição para a economia de mercado (ou de regresso à economia de mercado), inaugurada pela primeira desvalorização do Kwanza em 1992, fenómeno nunca ocorrido durante o tempo colonial e resguardado nos 17 anos de socialismo).

*Economista

(Leia o artigo integral na edição 616 do Expansão, de sexta-feira, dia 19 de Março de 2021, em papel ou versão digital com pagamento em Kwanzas. Saiba mais aqui)