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Angola

Sucesso da industrialização do País requer qualificação dos recursos humanos

Desenvolvimento industrial

Os empresários acreditam que o bom desempenho da indústria em Angola está na qualificação dos recursos humanos.

De acordo com o empresário Adérito Areias, em Angola, os recursos humanos são muito caros, porque as universidades não formam técnicos e engenheiros. Para ele, é mais fácil importar os quadros, mas aí começa o problema dos angolanos ficarem fora do mercado de trabalho.

Por isso sugere que os problemas da classe empresarial angolana devem ser discutidos com o Governo dentro do Grupo Técnico Empresarial (GTE), uma plataforma de diálogo entre o Executivo e a classe empresarial. Areias defende iniciativas de formação de quadros "on job" e alerta que o Estado paternalista acabou e não se pode continuar a estender a mão e andar nos corredores da mendicidade.

"Temos de nos organizar, porque somos a verdadeira máquina impulsionadora do desenvolvimento da indústria em Angola. As necessidades de cada industrial passa pela organização empresarial", disse.

Luís Diogo avança que a questão dos quadros é muito importante porque nos dias que correm as empresas querem automatizar mais, mas, segundo disse, há "muitas dificuldades em encontrar recursos humanos no mercado interno. O País não tem a qualificação, muitas vezes, desejada pelas empresas. Em muitos casos, servimos de escola."

Décio Catarro diz que não há recursos humanos, por isso, o Grupo Carrinho optou pela instalação de uma academia para suprir as necessidades, mas o mercado externo tem sido uma opção para a contratação do capital humano. Entende, por isso, que as dificuldades existem e não se pode lamentar continuamente. "É preciso apostar na formação "on job". Transferência de competências", revelou o empresário. Para Diogo Caldas é preciso formar os colaboradores dentro das empresas pelas insuficiências do mercado.

Importações e exportações

Para alguns sectores, as importações estão a baixar porque o mercado interno já produz, mas para os outros o mercado externo é ainda a única solução.

"Temos de olhar para o fomento da produção nacional e olhar como vamos produzir e fomentar o mercado", diz Décio Catarro, CEO da Carrinho, que lembra que a sua empresa já faz trocas comerciais com os produtores.

Carlos Ferreira, CEO da Valinho, diz que tem muitas dificuldades em encontrar porcos para o corte em Angola.

Mesmo assim, a grande dificuldade está na importação e diz que encontra muitos entraves e que não o deixam importar a matéria-prima para os enchidos que produz em Angola, Adérito Areias é mais prático e explica que o País não pode viver de importações. As empresas devem lutar para exportar e lembrou que a abertura do mercado é inevitável. "Não vivemos numa gruta. Temos de ser competitivos para enfrentar a oferta de outros países", disse o empresário do sal.

Para Luís Diogo, o homem do aço que exporta para quatro países africanos, reconheceu que as grandes dificuldades continuam a ser o custo do frete e as taxas aduaneiras que são muito altas e a concorrência desleal.

"O mercado nem sempre é apetecível para escoar a nossa produção, quer por via do preço, quer por via de infra-estruturas, fomos obrigados a exportar e conseguimos equilibrar as nossas necessidades de divisas", afirmou o empresário, tendo lembrado que existe exportação ilegal de aço em Angola.

Diogo Caldas diz que o sector das bebidas está muito avançado e já exporta há bastante tempo. As nossas exportações são de qualidade, mas a burocracia na emissão do certificado das análises de qualidade tem sido um grande problema.

Para Décio Catarro a produção interna ainda não cobre a demanda, por isso, o recurso às importações é uma prática, mas alerta no sentido de que as empresas angolanas não podem viver das importações. "A nossa luta deve ser produzir e transformar a nível interno e procurar exportar", disse.