Economia estagnada há dois trimestres escapa a recessão técnica por pouco
A culpa é do fraco desempenho de vários sectores que registaram taxas de crescimento negativas na passagem do II para III trimestre. Embora a economia tenha crescido 2,5% no acumulado dos primeiros 9 meses, o País precisa de crescer 5,5% no IV trimestre para atingir a meta do Governo de 3,0%, o que economistas consideram que só um milagre no sector petrolífero pode fazer.
A economia ficou praticamente estagnada no II e no III trimestre do ano, depois de ter registado um ligeiro recuo do Produto Interno Bruto (PIB) na ordem dos 0,08% e um magro crescimento de 0,05% na variação trimestral, respectivamente, de acordo com as Contas Nacionais Trimestrais do Instituto Nacional de Estatística (INE).
Com o parco crescimento verificado no III trimestre, o País escapa, assim, de uma recessão técnica, que é quando o PIB recua por dois trimestres consecutivos.
E a culpa é do fraco desempenho dos vários sectores da economia que registaram taxas de crescimento negativas na passagem do II para III trimestre. Só para se ter uma ideia, a Produção de Electricidade, Água e Saneamento afundou 7,6%, os serviços de Alojamento e Restauração caíram 6,5%, a indústria Transformadora recuou 4,6% e a Construção 3,6%. A Pesca (- -3,8%), o Comércio (-2,3%) e a Agricultura (-0,3%) também apresentam taxas negativos e já se encontram em recessão técnica, uma vez que caíram pelo segundo trimestre consecutivo.
Por outro lado, a empurrar a economia para cima, no III trimestre, estiveram os sectores da Extracc a o de Diamantes e outros minerais com uma expansão de 24,0%, seguido dos Transportes e Armazenagem, bem como da Intermediação Financeira e de Seguros, ambos com crescimentos de 5,5%. Constam também da lista dos sectores com desempenho positivo, no III trimestre, Extracc a o e Refino de Petróleo com um aumento 3,2%, os serviços Imobiliários e Aluguer (1,8%), Outros Serviços (1,8%) e as actividades de Informação e Comunicação (1,2%).
Estes números acabam por ser preocupantes, uma vez que a economia não está a crescer de forma consistente, numa altura em que o Governo aponta a um défice orçamental de 3,9 biliões Kz em 2025e de 3,8 biliões Kz em 2026. Caso não se verifique o crescimento projectado, esses défices serão superiores, elevando as necessidades de financiamento para "cobrir" esses défices. E isto numa altura em que está difícil garantir financiamentos externos a taxas de juro sustentáveis.
Assim, este cenário de estagnação da economia revela baixa produtividade, baixo consumo e queda da confiança dos consumidores e empresários. E o próprio INE confirma no Indicador de Clima Económico, que mede a confiança dos empresários sobre a evolução da economia nacional de curto prazo, que voltou a cair para 4 pontos no III trimestre face ao anterior, tratando-se do nível mais baixo dos últimos 15 trimestres.
PIB tem de crescer 5,5% no IV para atingir meta
Se olharmos para o PIB em termos acumulados, a economia cresceu 2,15% nos primeiros nove meses do ano, o que significa que a houve uma desaceleração de cerca de 2,9 pontos percentuais quando comparado com o crescimento de 5,1% re gistado no mesmo período de 2024. E na base está a queda do PIB do sector da Extracção e Refino de Petróleo, que nestes primeiros nove meses afundou 7,2% face ao período homólogo.











