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Economia

Investimento de 9.656,6 milhões USD no Oil&Gas foi o mais alto em 8 anos

INVESTIMENTO DIRECTO ESTRANGEIRO

O sector petrolífero vale 96,5% do total investido por estrangeiros em Angola em 2024. O fraco investimento nos sectores não petrolíferos demonstra que os investidores se sentem pouco confortáveis em investir em sectores sujeitos às circunstâncias próprias da economia nacional.

O Investimento Directo Estrangeiro (IDE) no sector petrolífero angolano cresceu 11%, para 9.656,6 milhões USD em 2024, face aos 8.678,5 registados em 2023, tratando-se do maior volume de investimento neste sector desde 2016, de acordo com cálculos do Expansão com base em dados sobre a estatística externa publicada esta semana pelo Banco Nacional de Angola (BNA).

Trata-se do quarto ano consecutivo em que o investimento das empresas estrangeiras em Angola no sector petrolífero cresceu, mas ainda assim longe vão os tempos em que investiam somas como os 15.829,5 ou 16.387,9 milhões USD investidos em 2015 e 2014, respectivamente. O Investimento Directo Estrangeiro no País já tinha iniciado 2024 com o melhor arranque desde 2016, ano em que se deu início ao ciclo de cinco recessões consecutivas, que apenas terminou em 2020.

E se o sector petrolífero assistiu a um crescimento do investimento estrangeiro no ano passado, o mesmo aconteceu com o sector não petrolífero, que ao captar 353,5 milhões USD, atingiu o valor mais alto desde 2019. Trata-se de um crescimento de 185% face aos 124,0 milhões registados em 2023.

O Investimento Directo Estrangeiro ocorre quando uma entidade não residente em Angola compra total ou parcialmente uma empresa no País, adquirindo uma participação do seu capital, com o objectivo de controlar ou influenciar a sua gestão. Além das aquisições de empresas existentes, o IDE inclui a constituição de novas empresas ou sucursais, aumentos de capital, reinvestimento de lucros e prestações suplementares, entre outras operações.

Há um fosso enorme entre o que é investido no sector petrolífero e o que é investido nos outros sectores. Em 2024, 96,5% do IDE foi para o sector petrolífero, enquanto apenas 3,5% foi investido noutras áreas, um sinal de que a petrodependência do País continua, apesar de algum crescimento do peso no PIB de áreas como a agro-pecuária, as pescas ou os transportes.

Ainda assim, o fraco investimento nos sectores não petrolíferos demonstra que os investidores se sentem pouco confortáveis em aplicar o seu dinheiro em sectores sujeitos às circunstâncias próprias da economia nacional, onde o ambiente de negócios é considerado mau e onde prevalece uma alta de inflação e lacunas gritantes ao nível do capital humano. O mesmo não acontece no sector petrolífero, em que a produção é quase toda canalizada para os mercados internacionais.

E se no ano passado os estrangeiros investiram mais 1.207,7 milhões USD em Angola face a 2023, o mesmo não se pode dizer em relação aos investimentos de angolanos lá fora. No ano passado, os angolanos investiram 33,1 milhões USD no estrangeiro, o que representa uma queda de 1% face aos 33,4 milhões USD investidos há dois anos. Trata-se do valor mais baixo desde 2018, ano em que os angolanos investiram apenas 5,7 milhões USD lá fora.

Contas feitas, o stock do investimento dos angolanos fora do País cresceu menos de 1% para 5.325,4 milhões USD em 2024, valor que compara com os 12.000,6 milhões USD que representa o stock de investimento de estrangeiros em Angola. Comparativamente a 2015, há 10 anos, o stock de IDE no País afundou 20.304,9 milhões USD. Os dados do BNA são meramente analíticos e não revelam a que se deve essa queda, mas estará relacionada com a política de desinvestimento que vingou durante vários anos no sector petrolífero nacional, que acabou por cortar em mais de 700 mil barris por dia à produção nacional entre 2016 e 2024.

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