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Economia

Petróleo "a todo o gás" atira PIB para maior crescimento em dez anos

DIAMANTES E COMÉRCIO TAMBÉM DERAM UMA ‘AJUDINHA’ EM 2024

A petrodependência continua e mantém-se a correlação directa entre o desempenho deste sector e o da economia no seu todo. O sector da construção, que tem grande potencial empregador e já foi um dos mais dinâmicos, continua em queda, e de 3.º com mais peso no PIB, em 2015, passou agora para o 7.º lugar.

O regresso ao crescimento do sector petrolífero em 2024 empurrou o Produto Interno Bruto (PIB) angolano para o maior crescimento dos últimos dez anos, fechando o ano passado com uma expansão de 4,4%. Melhor só mesmo em 2014, quando a economia cresceu 4,8%, apurou o Expansão com base no relatório sobre as contas nacionais relativo ao IV trimestre do ano passado, publicado esta semana pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).

É a primeira vez desde 2014 que a economia angolana cresce acima da taxa de crescimento da população, que é de 3,1% ao ano, o que, em "economês", significa que tendencialmente foram criados mais empregos do que aqueles que foram destruídos num país onde quase 5,5 milhões de pessoas estavam desempregadas no final do III trimestre de 2024 (30,8% de taxa de desemprego, segundo dados do INE) e em que cerca de 80% dos 12,3 milhões de pessoas empregadas estavam na informalidade.

Mas como uma boa parte do crescimento económico verificado em 2024 se deveu ao bom desempenho da produção de petróleo isso não significa necessariamente que foram criados muitos mais empregos formais no País por essa razão, já que o sector petrolífero é pouco intensivo em mão de obra.

O petróleo continua a ditar a "sorte" do País e, 2024, é exemplo disso mesmo. No ano passado, Angola voltou a fechar um exercício com crescimento económico, o quarto consecutivo após cinco anos em recessão (2016 a 2020). E isso acontece devido ao crescimento de três sectores em particular: os já "suspeitos do costume" extracção e refinação de petróleo e o comércio, mas também a extracção de diamantes, minerais metálicos e outros minérios. Foram estes os três sectores que mais contribuíram para o crescimento de 4,4% da economia em 2024, segundo cálculos do Expansão.

Na última década (ver gráfico), apenas em três anos o PIB do sector da extracção e refinação de petróleo não caiu: em 2015, em 2022 e em 2024. Apesar de o peso deste sector no PIB estar em queda desde 2021 (32,7% passou para 29,6% em 2022, o mesmo valor em 2023), ainda vale 28,6% da economia nacional, uma queda que se deve ao declínio da produção petrolífera angolana. Longe vão os tempos (2016) em que Angola produzia por dia 1,7 milhões de barris, contra os cerca de 1,1 milhões/dia de hoje.

O crescimento do sector petrolífero em 2024 face a 2023 tem uma explicação. 2022 foi um ano de alta de preços do barril de crude, tendo as petrolíferas, pressionadas pelo Governo, literalmente "aberto as torneiras", o que acabou por se "pagar mais tarde", em 2023, com a necessidade de reparações em alguns dos principais blocos do País, o que acabou por afundar a produção. Em 2022 o país interrompeu a tendência de declínio de produção iniciado em 2016, ao produzir 414,9 milhões de barris (+4,5 milhões de barris do que em 2021) e o PIB do sector petrolífero cresceu 0,5%. Já em 2023, a produção de barris caiu para apenas 400,8 milhões de barris, tendo como efeito prático a queda do PIB do sector (ver gráficos). Em 2024, a produção voltou a crescer para 411,5 milhões de barris, o que acabou por ter um impacto positivo no PIB nacional. Há, assim, uma correlação directa entre o desempenho do sector petrolífero e o desempenho da economia nacional no seu todo, apesar de hoje já se evidenciar algum crescimento nos denominados sectores da "diversificação económica", como a agro-pecuária.

Além do petróleo, de destacar também o crescimento verificado no sector dos diamantes, de 44,8% face ao ano anterior. Ainda assim, este sector pesa apenas 2% de todo o PIB. Já o comércio, que é o sector com o segundo maior peso na economia nacional, cresceu 4,6% face a 2023 e fecha o top 3 dos sectores que mais contribuíram para o crescimento da economia nacional em 2024.

Leia o artigo integral na edição 816 do Expansão, de sexta-feira, dia 07 de Março de 2025, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)

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