Redução das reservas obrigatórias pressiona inflação
A ideia é libertar liquidez na ordem de 100,0 mil milhões Kz, com vista a situar as taxas do mercado monetário interbancário em torno da taxa directora que manteve em 19,5%. Medida mete em risco os objectivos de redução de inflação num ano de grande pressão inflacionista.
Pela quarta vez consecutiva, o Comité de Política Monetária (CPM) do Banco Nacional de Angola (BNA) decidiu novamente não mexer nas taxas de juros directoras, mas decide reduzir o coeficiente de reservas obrigatórias, em moeda nacional, em 1,0 ponto percentual, de 21% para 20%, o que significa que houve um ligeiro alívio na política monetária. No entanto, ao reduzir o coeficiente de reservas obrigatórias pode ter um efeito negativo na taxa de inflação, já que o objectivo é reduzir a taxa que no final de 2024 foi de 27,5% para 17,5% no final de 2025.
Assim, com esta medida o banco central prevê libertar liquidez na ordem de 100,0 mil milhões Kz, com vista a situar as taxas do mercado monetário interbancário em torno da taxa directora.
Em termos práticos, as reservas obrigatórias correspondem à parcela dos depósitos de clientes que os bancos comerciais são obrigados a depositar no BNA (em moeda nacional e estrangeira). Quanto menor o coeficiente de reservas obrigatórias, mais dinheiro os bancos têm para emprestar aos agentes económicos. Assim, com a redução da taxa para 20%, significa que, no limite, os bancos podem transformar 80% dos depósitos, seja em créditos, seja em aplicações em investimentos como dívida pública.
Em Dezembro de 2024, as reservas obrigatórias fixaram-se em 1,3 biliões Kz, mais 163,3 mil milhões em relação a 2023, o que representa um aumento de 12%, tratando-se das reservas mais altas dos últimos 10 anos. Na base está o aumento dos depósitos dos clientes bancários junto da banca comercial, o que não se reflecte no crédito à economia, já que rácio de transformação continua baixo (inferior a 30%).
É importante realçar que desde Novembro de 2023 que o Banco Central eliminou a taxa de custódia sobre o excesso de reservas livres das instituições bancárias depositadas no BNA, o que também retirava liquidez da economia, já que os bancos podem agora livremente aumentar as reservas livres.
"Os mercados actualmente já estão líquidos e essa expansão deve aumentar ainda mais a liquidez, o que talvez deva ter algum impacto ao nível do estímulo de crédito e da economia. No entanto, pode ter também impactos inflacionários, embora ligeiros", afirmou o economista Mateus Maquiadi ao argumentar que esta decisão do banco central representa uma medida expansionista de política monetária.
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