Reservas provadas de diamantes estão avaliadas em 831 milhões de quilates
Este ano a mina do Luele passa a contar com o segundo moinho e os gestores da empresa acreditam que a produção de diamantes no Luele poderá duplicar e Angola poderá atingir os mais de 15 milhões de quilates em 2025.
O potencial de reservas provadas diamantíferas do País, no ano passado, ronda os 831 milhões de quilates, um aumento de 14% face a 2023, dos quais 628 milhões, representando 75,6% do total, estão localizados na mina do Luele, e 173,4 milhões (20,9%) estão em Catoca, indicam dados da ENDIAMA referentes às realizações do ano passado. A informação foi divulgada, na semana passada, durante a apresentação do relatório de balanço sobre a produção de diamantes, durante o período em referência, e perspectivas para o I semestre do corrente ano, apresentado por Ady Van-Dúnem, director de Estudos e Projectos Tecnológicos da ENDIAMA.
De acordo com contas feitas pelo Expansão com base nos dados da diamantífera estatal nacional, só os depósitos primários (kimberlitos - jazidas em rocha) em termos de reservas, representam 97% do total das reservas até agora estimadas, ou seja, mais de 820 milhões de quilates, enquanto os aluviões (depositados em rios) correspondem a quase 11 milhões, ou seja, representam apenas 3,4% do potencial avaliado em 2024.
O balanço é resultado das informações geológicas de 24 minas em operações, das quais apenas 21 disponibilizaram os dados referentes às reservas das referidas minas. O director de estudos da ENDIAMA referiu que os dados referentes às reservas demonstram que o potencial kimberlítico pode ser superior, tendo em conta os investimentos em curso em novas pesquisas. Dos 831 milhões de quilates, 801,4 milhões são reservas provadas, com a maior contribuição a ser proveniente do Luele e de Catoca, os dois maiores kimberlitos do País até agora em exploração. As duas minas, em termos de reservas, segundo as contas do Expansão, representam quase 96% do potencial diamantífero do País.
O mapa dos diamantes em Angola indica que as províncias da Lunda Norte, Lunda Sul, Malanje, Bié, Cuanza Sul e Huambo apresentam alto potencial diamantífero. Ou seja, há espaço para que sejam ali encontrados mais diamantes. Até agora, as regiões do Uige, Zaire, Luanda e Bengo não têm probabilidades de existência de diamantes em terra.
Os investimentos no subsector dos diamantes em Angola registaram um decréscimo de 43% para 217 milhões USD em 2024, face aos 380 milhões que estavam programados. Os números indicam que a conjuntura da crise económica e as incertezas no mercado internacional de diamantes continuam a impactar negativamente na actividade mineira em Angola.
Já os investimentos em depósitos primários, durante o período em análise, também registaram uma quebra de 30,1%, saindo dos 214,9 milhões USD investidos, entre Janeiro e Dezembro de 2023, para os 150,2 milhões no ano passado. A Sociedade Mineira do Luele foi a que mais investiu em 2024. Durante o período em referência, os investimentos do Luele atingiram os 130 milhões USD, superando os 124,2 milhões USD realizados em igual período do ano anterior.
Já os investimentos de Catoca caíram 76% para 16,6 milhões USD em 2024, o que compara com os 57,0 milhões USD investidos no período homólogo.
Catoca enfrenta dificuldades para colocar diamantes no mercado devido à presença na sua estrutura accionista da gigante russa Alrosa, que enfrenta várias sanções internacionais devido à guerra da Rússia contra a Ucrânia. Já os investimentos nos jazigos aluvionares registaram uma queda de 37%, saindo dos 107 milhões USD realizados em 2023 para os 67,5 milhões no ano passado.
As sociedades mineiras de Catoca, Luele, Chitotolo e Cuango são as que mais contribuíram para a produção de diamantes em Angola no ano passado.
Angola produziu um total de 14,08 milhões de quilates, um aumento de 44% em relação ao ano de 2023, e foram comercializados 10,4 milhões de quilates, ao preço médio de 142,9 USD por quilate. As contribuições fiscais rondaram os 425,26 milhões USD, um aumento significativo face a 2023. Durante o período em referência, foram investidos 79,5 milhões USD em projectos sociais.
Para este ano, estima-se que sejam produzidos 14,8 milhões de quilates, com potencial para ascender a 15,1 milhões de quilates.