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Economia

Banco central avança que o Angola tem apenas 1 milhão de utilizadores de dinheiro móvel

NÚMEROS AINDA ABAIXO DO POTENCIAL

Cerca de um ano depois do lançamento da maior plataforma de dinheiro móvel, a Unitel Money, os indicadores mostram um mercado pequeno e com pouca relevância na economia angolana. Especialistas defendem que impulso decisivo tem de ser dado pelo Estado.

O Banco Nacional de Angola (BNA) divulgou, durante a semana passada, que estão registadas no País 1 milhão de contas de dinheiro móvel, para um total de sete provedores licenciados para prestar este tipo de serviços. Pedro Castro e Silva, administrador do BNA, revelou durante um evento organizado pela Deloitte o número de utilizadores de dinheiro móvel em Angola, realidade que contrasta com as 5 milhões de pessoas que têm pelo menos uma conta bancária. O responsável do Banco Central não divulgou o volume de negócios associado às contas de dinheiro móvel, nem a quota de mercado correspondente a cada um dos operadores. O administrador do BNA lembrou também o salto que será dado neste tipo de serviços quando for possível conceder microcrédito.

Entre as sete plataformas devidamente licenciadas encontram-se a Unitel Money, e- -kwanza, Akipaga, Paypay ou Guita, que não partilham informações sobre as suas operações. Nas últimas semanas, o Expansão contactou a Unitel Money e o Akipaga para obter dados sobre a sua actividade mas não obteve resposta até ao momento. No caso da Unitel Money, Teodoro Fernandes, director de Marketing, não teve dúvidas em afirmar aos jornalistas, durante a apresentação da plataforma Unitel Money, em Luanda, durante o ano passado, que este negócio "só deverá ser rentável" quando a empresa atingir "os 5 milhões de clientes registados".

Apesar do atraso de pelo menos uma década na implementação do serviço de mobile money (Angola era, até há pouco tempo, o único país da região sem dinheiro móvel), Pedro Castro e Silva reconhece o impulso que a Covid-19 acabou por dar à adopção de novas formas de utiliza[1]ção da tecnologia. "Num universo de 1800 trabalhadores, ao longo da pandemia mantivemos apenas 500 funcionários a trabalhar em todo o País", explicou o gestor angolano.

No entanto, o impacto do dinheiro móvel em Angola está ainda longe do potencial. Alguns especialistas consultados pelo Expansão afirmam que o número de pessoas a utilizar serviços móveis de pagamento é baixo e que é necessário o Estado encontrar formas de incentivar e divulgar a sua utilidade. Nesta altura, segundo o BNA, o regulador do sector financeiro está a dar suporte às estruturas de negócio dos operadores e também na relação com potenciais investidores.

No que diz respeito à regulação, as empresas de dinheiro móvel acabam por estar obrigadas a usar o mesmo universo de dados e de protecção de um banco tradicional, que actua neste segmento enquanto banco de custódia. Em 2021, o continente africano representava mais de metade do mercado internacional de mobile money com 310 plataformas activas, 55,2% do total mundial, segundo a Associação dos Operadores Móveis (GSMA, na sigla em inglês, que junta mais de 1000 empresas do sector).