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Economia

Empresários querem produtos de construção "made in Angola" no PRODESI

Desvalorização cambial e fraca procura deixa indústria longe da sua capacidade

O sector da indústria de materiais da construção está "sobreviver" com inúmeras dificuldades, sobretudo nos últimos 4 anos, que levou à redução da capacidade de produção para 40%, contra os 60% da capacidade não utilizada, segundo o presidente da Associação das Indústrias de Materiais de Construção (AIMCA).

Em declarações ao Expansão, José Mangueira admite que este recuo fica a dever-se à depressão da economia no País, que gerou fraca procura de produtos de construção, agravada também pela desvalorização cambial.

A AIMCA considera que urge encontrar estratégias para ajudar as empresas associadas a melhorar e aumentar as suas capacidades de produção, dentro das normas internacionais, de modo a certificar os materiais nacionais, padronizando elevada qualidade, para competir com produtos do mercado internacional.

O presidente da AIMCA fez saber que "actualmente as empresas do sector dos materiais de construção reduziram sua capacidade de operacionalidade, ou seja, as infraestruturas industriais estão apenas a operar em 40%, com a paralisação de 60% dos equipamentos e recursos humanos, situação agravada nos últimos 4 anos", refere José Mangueira. Apesar disso o sector conta ainda com mais de 4000 postos de trabalho, dos quais 10% ocupados por expatriados.

Segundo José Mangueira o recuo deve-se à depressão da economia no País, que determinou a crise na construção e, consequentemente, fraca procura de produtos de construção, "agravados pela desvalorização cambial".

Estão também associados a este problema que fragiliza a indústria nacional de materiais de construção, "a falta de infraestruturas funcionais, o deficiente abastecimento de água e energia elétrica, falta de condições de redes de transportes, escassez de crédito ao investimento e dificuldades de exportação", queixam-se os membros da AIMCA, segundo esclareceu José Mangueira.

Para sair desta situação "preocupante", a AIMCA insta o Executivo a assumir o seu verdadeiro papel de dinamizador da economia, para o qual José Mangueira sugere "melhorar o ambiente de negócios, criando infraestruturas para o bom funcionamento das indústrias, melhorar o incentivo ao investimento privado, como a redução da carga fiscal, atribuição de incentivos para formação de quadros, redução da burocracia na contratação de pessoal estrangeiro, reduzir a concorrência desleal interna e externa e criar a diferenciação positiva para as empresas que investem em Angola", enunciou.

Para evolução do sector industrial de materiais de construção, a AIMCA defende ainda uma política de protecção à importação, que resultará em maior produtividade das indústrias, "gerando mais emprego, mais receitas para a economia nacional e descida dos preços ao consumidor", disse José Mangueira ao Expansão.

Mangueira recorda o própósito do Prodesi, programa executivo para acelerar a diversificação da produção nacional e geração de riqueza, num conjunto de produções com maior potencial de geração de valor de exportação e substituição de importações, aprovado pelo Decreto Presidencial n.º 169/18 de 20 de Julho.

Apesar da pandemia da Covid-19, que nos últimos 2 anos agudizou a crise na indústria nacional de materiais de construção, as fábricas que registaram maior crescimento são as produtoras de ferro/aço em 22%; de estruturas metálicas, em 16% e de betão/artefacto, em 13%. As demais fábricas que estão com uma certa estabilidade de produção são as produtoras de PVC, tintas/vernizes e carpintaria/mobiliário que fixaram-se em 9%.

Estão associados na AIMCA 34 empresas produtoras de materiais de construção, com a recente adesão da Nova Cimangola, Saint-Gobain Webber e a Flotek.