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Economia

Negócio de milhões para proprietários mas precário para trabalhadores e clientes

TÁXIS DE LUANDA

Cada táxi em Luanda transporta, em média 240 pessoas por dia. E as contas são fáceis de fazer: a 150 Kz por pessoa, cada viatura rende 36 mil Kz diariamente. No final do dia vão 15 mil Kz para o dono do táxi e o motorista e o cobrador dividem entre si o que sobrar da gasolina e da "gasosa" para a polícia.

A ausência de registos fiáveis é uma das consequências da informalidade e o sector dos transportes públicos é um dos mais afectados. Mesmo assim, é fácil concluir que os táxis na cidade de Luanda fazem movimentar na informalidade milhões de kwanzas e centenas de milhares de pessoas diariamente, num contexto marcado pelos rendimentos elevados para os investidores privados e pelo alto nível de precariedade para trabalhadores (motoristas e cobradores) e clientes.

Há um fosso gigante entre os números que os representantes do sector apresentam e os que as autoridades revelam. Três associações de trabalhadores do sector - a Associação Nova Aliança dos Taxistas de Angola (ANATA), a Associação dos Taxistas de Angola (ATA) e a Associação dos Taxistas de Luanda (ATL) - afirmam "controlar" 28 mil membros, sem avançar o número de viaturas. Já uma fonte do Governo Provincial de Luanda (GPL) garante que estão licenciadas apenas 4 mil viaturas mas não sabe quantos motoristas existem.

A informalidade prospera quando a formalidade é incapaz de dar resposta. E é neste meio que os táxis colectivos vivem, sendo a única resposta para centenas de milhares de angolanos todos os dias. No fundo, os táxis colectivos são uma privatização desestruturada do sector dos transportes. E sobrevivem na semi-informalidade porque o acesso à actividade depende de uma licença (que é um processo formal), que a maioria dos táxis não possui, mas os prestadores de serviços de motorista ou cobrador não estão registados.

A profissão não é reconhecida, o que resulta na ausência de vínculos formais (contratos de trabalho), férias pagas ou protecção social na doença ou velhice.

(Leia o artigo integral na edição 657 do Expansão, de sexta-feira, dia 14 de Janeiro de 2022, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)