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Economia

Supermercados chegam a cobrar o dobro do preço dos informais

FAMÍLIAS DE BAIXA RENDA PREFEREM MERCADOS INFORMAIS

Disparidade dos preços atira grande parte das famílias angolanas, principalmente as de baixa renda, para os mercados informais. Alimentos produzidos localmente são muito mais caros no mercado formal do que no informal. Regras de funcionamento da economia impulsionam a informalidade.

Alguns dos produtos alimentares mais consumidos pelas famílias angolanas chegam a custar até o dobro dos preços nos supermercados se comparados com o mercado informal, de acordo com uma ronda do Expansão feita em alguns dos mercados formais e informais da cidade de Luanda.

Entre os mercados formais, os preços de um cabaz seleccionado pelo Expansão foram recolhidos no Kero, Maxi e Candando, enquanto o Catinton e o Asa Branca foram os mercados informais. O objectivo passou por comparar uma lista de 17 produtos da mesma marca e pesagem vendidos na formalidade e na informalidade.

Para se ter uma ideia, o vinagre de sidra que nos mercados informais é vendido a 200 Kz, chega a custar o dobro nos supermercados. A farinha de trigo (1kg), é vendida a 750 Kz no mercado informal mas no formal custa 1.190 Kz (ver tabela).

Esta disparidade dos preços leva a que grande parte das famílias angolanas tenha preferência peêlos mercados informais, principalmente os agregados familiares de baixa renda, fortemente penalizados pela alta de inflação que, na província de Luanda, era de 42,2% em Julho.

E se nos produtos embalados há uma disparidade enorme de preços, o mesmo acontece com os bens alimentares vendidos a granel, como a batata, tomate, cebola, alho e fuba, bem como outras verduras e frutas. Os preços chegam a custar entre três e quatro vezes a mais nos supermercados nos alimentos vendidos a granel.

A justificação é que na formalidade as empresas estão sujeitas a custos elevadíssimos ao nível da logística, dos trabalhadores e um elevado peso de impostos, com os preços a terem que reflectir esses custos.

Ao que o Expansão apurou durante a ronda efectuada esta terça-feira, algumas famílias repartem as compras mensais entre os dois tipos de mercados, preferindo comprar nos mercados formais os alimentos que podem acarretar mais riscos para a saúde - como as carnes vermelhas, enlatados ou outros que podem ser facilmente adulterados - e complementam as compras através do mercado informal. Por outro lado, as dificuldades financeiras tiram a possibilidade de escolha à grande parte das famílias angolanas que se vêem obrigadas a escolher o mais barato.

Com as actuais regras de funcionamento da economia formal, incluindo as regras fiscais, os produtos têm preços incomportáveis para o nível de rendimentos da generalidade dos angolanos, o que atira os negócios para a informalidade, explica o economista Heitor Carvalho, acrescentando que "se não reduzimos os níveis de exigência no funcionamento da economia -incluindo impostos, mas não só - arriscamo-nos a que a produção formal seja exclusivamente destinada a uma elite cada vez mais reduzida. É fundamental rever todas as normas de funcionamento da economia formal com grande urgência".

Contudo, há também alguns produtos a serem comercializados a preços mais baixos nos mercados formais em relação aos informais como é o caso do óleo de Palma, manteiga e ovos.

Preços sobem 25% desde Dezembro

Os preços dos produtos que fazem parte da cesta seleccionada pelo Expansão aumentaram 25% nos mercados formais e informais, até Agosto do corrente ano se comparado a Dezembro do ano passado.

No mercado formal, numa lista de 11 produtos entre os mais consumidos no País, verificou-se que para comprar o mesmo cabaz é preciso hoje mais 8.200 Kz do que há oito meses, quando eram necessários 32.635 Kz contra os 40.835 Kz de hoje. Destaca-se, entre os produtos seleccionados, o leite Nido em pó como o produto que mais encareceu o cabaz, com uma subida de mais de 7.250 Kz, (+54%) desde Dezembro, bem como o frango congelado, que passou a custar mais 1.070 Kz (+33%). Em sentido inverso, houve produtos que registaram descidas nos preços, com destaque para a fuba de milho, feijão preto e óleo.

Leia o artigo integral na edição 791 do Expansão, de sexta-feira, dia 30 de Agosto de 2024, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)

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