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Três seguradoras vão distribuir 8.962 milhões Kz em dividendos

37 VEZES A MENOS DO QUE OS BANCOS

O banco BAI e o Estado são os accionistas que vão mais receber dividendos no sector segurador em 2024. Ainda assim, o valor a distribuir é muito inferior ao que os bancos angolanos têm distribuido aos seus accionistas, um sinal que a dimensão do sector segurador ainda é muito pequena.

Apenas três seguradoras vão distribuir dividendos aos seus accionistas, no valor total de 8.962 milhões Kz, o que compara com os 5.472 milhões Kz distribuídos por apenas duas seguradoras em 2023, de acordo com os cálculos do Expansão com base nos relatórios e contas das companhias relativos a 2024.

Até ao momento, apenas 15 das 22 empresas seguradoras publicaram os seus relatórios e contas relativos a 2024 dentro dos prazos regulamentares. Destas, apenas três vão distribuir dividendos aos accionistas. Tratam-se das companhias Nossa Seguros, ENSA Seguros e Protejja Seguros.

A Nossa Seguros é a companhia que mais dividendos vai distribuir aos seus accionistas: o Banco Angolano de Investimentos (BAI) vai receber 3.145 milhões Kz, António Van-Dúnem 305,8 milhões Kz, o Movimento Rodoviário Nacional (MRN) 174,8 milhões Kz, a Caixa de Segurança das Forças Armadas 131,1 milhões Kz e outros accionistas vão receber 655,4 milhões Kz.

A seguradora que tem um capital social de 5 mil milhões Kz vai aplicar ainda 6.553 milhões em reservas livres. Na prática, estas reservas servem para proteger a seguradora e os seus clientes, para garantir estabilidade financeira e honrar os compromissos de indemnizações em caso de sinistros.

Na segunda posição das companhias que mais vão distribuir dividendos está a ENSA, que vai distribuir um total de 4.348 milhões Kz aos seus accionistas. O Estado, representado pelo Instituto de Gestão de Activos e Participações do Estado (IGAPE), vai receber 3.043 milhões Kz. Já o Fundo de Pensões da Sonangol (Sonangol Vida) e a Noble Group, S.A. vão receber cada 297,3 milhões Kz. Quanto aos investidores que compraram acções da ENSA vai receber entre si dividendos de 710,1 milhões Kz.

Recorde-se que o Fundo de Pensões da Sonangol e a empresa Noble Group entraram no capital social da ENSA Seguros no âmbito do processo Oferta Pública Inicial (OPI) que decorreu no final de Outubro do ano passado, quando o Estado dispersou 30% do capital que detinha na seguradora. Ambos surgem agora com participações qualificadas de 6,838% e 6,830%, respectivamente.

A OPI previa que 2,0% das acções da seguradora seriam destinadas aos trabalhadores, pelo que, segundo o relatório a que o Expansão teve acesso, PCA, PCE e administradores executivos e não executivos, num total de 7 pessoas, ficaram com quase 1,5% das acções da empresa. Assim, as administradoras executivas Amália Quintão Barbosa, com 0,417%, e Matilde Guebe, com 0,378% e o PCE Mário Mota Lemos, com 0,308%, foram, dentro da administração, os executivos que mais compraram acções da seguradora.

A seguradora estatal vai encaminhar 3.157 milhões Kz para reservas livres e 546 milhões Kz para resultados transitados.

Em terceira posição está a Protteja Seguros, que vai distribuir 62% dos seus lucros, ou seja, um total de 245 milhões Kz aos seus accionistas.

Banca "engole" seguros

A distribuição de dividendos do sector segurador equivale a apenas 2,7% dos 327,4 mil milhões Kz distribuídos pela banca em 2024, um sinal de que o sector segurador ainda é muito pequeno comparando com o sector bancário. Um cenário muito diferente do que acontece fora do País, em que as seguradoras, por terem um fluxo de caixa mais estável e previsível, tendencialmente acabam por distribuir mais dividendos, em relação à banca, que é mais exposta a factores como taxas de juros e crises financeiras.

Portanto, a questão em Angola, tem a ver com a dimensão dos sectores. O agregado da banca tinha um activo de 25,6 biliões Kz (25.870 milhões USD) no final de 2024, o que compara com os 473,7 mil milhões Kz (520 milhões USD) do sector segurador. Ou seja, o sector bancário vale 50 vezes mais do que o segurador. Paulo Bracons, consultor de seguros, reconhece que o sector é pequeno uma vez que apresenta apenas uma penetração no PIB de 0,6%. E os seguros obrigatórios (automóvel e acidentes de trabalho) são ramos que poderiam impulsionar mais o crescimento do mercado, mas continuam ainda a cobrir uma pequena franja da população (aparentemente inferior a 20%) e os seguros de vida ainda têm níveis baixos de venda e estão muito associados a crédito ao consumo e ao seguro de funeral.

Leia o artigo integral na edição 833 do Expansão, de Sexta-feira, dia 04 de Julho de 2025, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)

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