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Africell entra na corrida da educação sobre dinheiro digital e aposta nas zungueiras

LITERACIA FINANCEIRA

Aumentar os níveis de literacia financeira é o objectivo das empresas que têm apostado neste negócio. Em Angola, apesar de existirem projectos como o é-Kwanza ou o Unitel Money, a inclusão ainda dá passos lentos.

Ensinar as pessoas a usarem o dinheiro digital é um dos focos das instituições de telecomunicações e bancárias, motivadas pelos níveis baixos de literacia financeira dos angolanos, que é de 24,7%. Nesta corrida, a Africell é a terceira instituição privada no mercado nacional a apostar num projecto que visa a literacia financeira digital, denominado Afrimoney.

Na primeira fase do projecto, a terceira operadora de telefonia do País formou 500 mulheres, cujo público-alvo são as zungueiras e vendedoras de mercados informais de Luanda que receberam formação sobre empoderamento pela inclusão e literacia financeira. As beneficiadas foram seleccionadas pelas associações das zungueiras de Angola e a associação dos vendedores dos mercados informais.

Segundo a directora do projecto Afrimoney, Kátia Conceição, a instituição está a privilegiar a comunidade das zungueiras e vendedoras do mercado informal, "elas influenciam muito aquilo que é a gestão do dinheiro físico. Muitas pessoas, quando vão ao mercado, não pagam com cartão, pagam com dinheiro, em cash. Então, nós queremos perceber se esta estratégia, de tornar aquelas pessoas que actualmente aceitam dinheiro a mudarem para o dinheiro digital, provavelmente é um caminho a seguir", sublinhou. De ressaltar que o estudo sobre literacia financeira desenvolvido pelo Instituto Nacional de Estatística e pelo Banco Nacional de Angola mostra que as mulheres têm maior domínio sobre assuntos financeiros. Como factor diferenciador, a responsável aponta como estratégia a parceria com as associações, pois estas têm a responsabilidade de ajudarem na aproximação entre a instituição e as vendedoras. "Portanto, há uma formação inicial aqui em conjunto, mas depois tem de haver um acompanhamento. E eu penso que é aí onde, de alguma forma, os outros projectos talvez não tiveram muito sucesso", disse. A responsável acrescentou que procuram, com a ajuda das associações, dar um acompanhamento às vendedoras.

As 500 participantes da formação receberão também uma renda adicional, com o valor a rondar entre 7 a 8 mil Kz para fazerem as transacções, bem como um kit que inclui um telemóvel. As comerciantes vão receber os valores uma única vez.

O projecto foi lançado no ano passado em parceria com a United States Agency for International Developemt (USAID) e teve um investimento de cinco milhões USD. A formação sobre o empoderamento pela inclusão e literacia financeira é a primeira actividade deste projecto. Conforme a responsável do projecto, vão haver outras actividades, que não vão ser só de formação.

Kátia Conceição adianta que só mais tarde se fará o balanço do projecto para decidir quais os passos a seguir. "Vamos ver se surtiu o efeito que nós desejamos e, se sim, vamos estender. Talvez não só para mulheres, mas para outros pequenos comerciantes. Ainda não temos o desenho final de como é que vai ser, mas de certeza que não vai terminar por aqui em Luanda.

Projectos que já existem no mercado

Para os angolanos não é novidade ouvir falar de dinheiro digital, porém o baixo nível de literacia financeira revela que há uma resistência na aceitação desta maneira de lidar com o dinheiro.

A par do BNA, que tem desenvolvido acções de formação sobre literacia financeira, o Banco Angolano de Investimento (BAI) foi pioneiro no projecto dinheiro digital com o lançamento do é-Kwanza, onde se podem realizar diversas operações por telemóvel, nomeadamente consultar saldos, depositar e levantar dinheiro, fazer pagamentos e transferências.

Com o mesmo objectivo e serviços, surgiu em 2021 o Unitel Money que tem a particularidade de o usuário não precisar de ser cliente bancário. Em formato diferente, está também neste segmento o Banco Millennium Atlântico.

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