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Carlos Feijó e Nelson Carrinho estão na "luta" por 48,1% do BFA

BPI QUER VENDER A SUA PARTICIPAÇÃO

O primeiro traz como financiador o grupo Gemcorp, o segundo vai a jogo com fundos próprios do grupo. O preço mínimo são 411 milhões de euros, mas ambos devem apresentar propostas à volta dos 450 milhões. O BPI quer fechar o negócio antes da privatização de 15% do capital do BFA prevista para este ano.

Uma entrevista do CEO do BPI, João Pedro Oliveira Costa, ao Jornal Económico de Portugal, onde este confirmava que a sua instituição estava a tentar vender a participação de 48,1% no BFA e que estava em negociação com dois grupos angolanos, abriu novamente este assunto. Como sabemos esta é a terceira vez que o BPI anuncia que está a negociar a venda da sua participação no BFA. Ao que o Expansão apurou, uma das propostas é liderada por Carlos Feijó, com financiamento da Gemcorp, e a outra é do grupo Carrinho, com fundos próprios. Ambos não podem confirmar de forma oficial porque estão "agarrados" a um acordo de confidencialidade com o vendedor.

Este novo processo já começou há alguns meses, tendo sido contratada a empresa Exotix, especialista em operações de fusão e aquisição em África, para encontrar interessados. Numa análise aos balanços do banco, foi feita uma avaliação de 411 milhões de euros como valor para esta participação, sendo que o Expansão apurou que a proposta final dos dois interessados terá de ser feita até Julho, ponderando estes fazer uma oferta vinculativa perto dos 450 milhões de euros.

Ou seja, se ambas as propostas forem aprovadas e estiverem de acordo com as normas em vigor, o valor pode decidir a compra, admitindo os envolvidos aumentar a oferta bastante acima do preço considerado mínimo para o BPI. De acordo com a evolução das informações que foram sendo passadas pelos interessados, assim se chegará a um preço final, sendo que vai assistir-se a um leilão entre estes. Um dos interessados admitiu mesmo que poderá pagar até 500 milhões de euros se for necessário.

Relativamente à primeira proposta, o jurista Carlos Feijó, terá entrado nesta corrida por perceber que se tratava de uma boa oportunidade de negócio, mais na perspectiva de investidor do que propriamente em se tornar num banqueiro a tempo inteiro. Numa primeira fase terá procurado em diversas partes do mundo um financiador para esta operação sob a forma de um fundo de investimento, mas a verdade é que apenas a Gemcorp terá mostrado disponibilidade para o acompanhar.

Em termos práticos, o fundo garantia o dinheiro necessário para fazer a compra ficando como fiel depositário das acções até que a verba fosse paga, que de acordo com o apurado pelo Expansão estava estimado para um período de 4/5 anos. No entanto confirmámos também que depois de o negócio ter sido tornado público, a Gemcorp pondera agora ficar com parte das acções para si, o que obrigaria a um novo entendimento com Carlos Feijó. Sabemos que este assunto será discutido nos próximos dias, antes da apresentação da proposta final ao CaixaBank (dono do BPI). Acrescentar também que a Gemcorp já tem uma participação num banco de direito angolano, 1,9% no Millenium Atlântico.

Já relativamente à Carrinho, que entrou no sector bancário com a compra do Banco Comércio e Indústria (BCI), e diz-se também que terá uma participação no Keve mas a verdade é que não faz parte directamente da estrutura accionista - embora um dos membros do conselho de administração esteja ligado ao grupo - a proposta é feita tendo como base fundos próprios do próprio grupo. Uma fonte ligada ao processo confirmou ao Expansão que "o grupo tem feito "caixa" nos últimos cinco anos e por isso dispõe do valor para este investimento".

Neste momento, as duas propostas já terão sido aprovadas pelo vendedor, depois do trabalho de due diligence e da certificação da proveniência dos fundos feitas aos envolvidos. A questão de se associar à Gemcorp, ao capital russo, não se questiona neste momento, uma vez que o fundo está sediado no Reino Unido e é controlado pelas autoridades britânicas, tendo sido confirmado ao Expansão que aqueles que eram os maiores investidores russos neste fundo terão abandonado a sua posição há mais de três anos. Isto retira o espectro do chumbo da operação por parte das autoridades europeias, garante um dos envolvidos.

(Leia o artigo integral na edição 727 do Expansão, desta sexta-feira, dia 2 de Junho de 2023, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)