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Ministro dos Transportes garante o rumo da TAAG na apresentação da nova administração liderada pelo espanhol Eduardo Soria

TAAG quer fazer de Luanda um hub da aviação da costa ocidental africana

Ricardo Viegas D' Abreu esteve presente na apresentação do novo conselho executivo da TAAG, S.A. para garantir que tudo será feito de acordo com o plano de reestruturação, saneamento e capitalização delineado em 2018, "ainda que revisto e complementado" em 2021, e para garantir aos quase três mil trabalhadores da companhia área nacional que conta com todos

O Ministro dos Transportes reitera o compromisso do Governo de que a TAAG "é e continuará a ser" a companhia aérea de bandeira "orgulhosamente angolana". Com que custos? É pergunta que fica, por agora, a aguardar resposta.

O ministro Ricardo Viegas D'Abreu coloca a TAAG no centro do crescimento económico e do processo de diversificação da economia nacional, e para isso é importante atrair importantes players nacionais e internacionais, nas mais variadas vertentes do negócio da aviação, além de que mantém a ideia da criação em Luanda de um hub aeronáutico para a costa ocidental africana, "convergindo de forma objectiva para a integração de Angola, de forma robusta no MUTTA (Mercado Único do Transporte Aéreo Africano).

O ministro insiste que a TAAG deve elevar "os padrões de governação, gestão operacional, comercial e de controlo financeiro" de forma a tornar-se uma empresa "economicamente viável e cada vez mais sustentável".

Recorde-se que em Março de 2021, na sequência da passagem de E.P. a S.A., e no âmbito de um plano de recapitalização, o Estado reconverteu 700 milhões de dólares de dívida em capital. A TAAG ao longo dos seus 44 de histórica tem tido um considerável histórico de contas no vermelho.

Em Julho deste ano, o Expansão dava conta (ver artigo) que em 2020 os prejuízos da TAAG dispararam 164%, para 372 milhões de dólares, relativamente aos 141 milhões de resultados líquidos negativos em 2019.

Nos quase dois anos de pandemia o sector da aviação comercial mundial conheceu uma das mais devastadoras crises da sua história, algumas foram as companhias que colapsaram, outras optaram pela fusão com outras companhias e outras ainda redimensionaram os seus quadros e slots. Por agora, a TAAG compromete-se a manter os seus quase três mil trabalhadores, e, ao que parece, a sua actual estrutura e com a ambição de a ampliar.

Viegas D'Abreu reconhece que "continuamos a ter algumas incertezas sobre a recuperação total do sector da aviação civil" e também por isso o processo de transformação da TAAG, "vai ter de ser revisto e complementado em função dos ainda baixos níveis operacionais e comerciais".

Os desafios de Eduardo Fairan Soria

O espanhol que passa a liderar a companhia área nacional tem larga experiência no sector, tanto em Espanha como em diversos países da América Latina. No país ibérico foi co-fundador da Vueling Airlines, uma companhia que atingiu uma importante expressão nos voos europeus. Um curriculum sólido para os novos desafios de uma companhia que tem fama de ser ingerível - 19 conselhos de administração ao longo da sua história, numa média de 2 anos e três meses para cada gestor.

Inovar para transformar a companhia de bandeira nacional é o primeiro passo que o novo PCE da TAAG, Eduardo Fairen Soria, pretende dar. "Primeiro temos que saber exactamente como posicionar a TAAG e como aproveitar a oportunidade de a companhia se apresentar na África Austral em termos de competência", disse ao Expansão.

O novo CEO da empresa explicou que a companhia precisa urgentemente passar por um processo de transformação digital dos seus serviços para poder enfrentar e competir no mercado da aviação civil internacional. "Hoje em dia as companhias vivem do botão, sob o domínio da internet, mais ainda a empresa que está muito atrasada na tecnologia digital", afirmou.

E acrescentou que será necessário apostar no talento jovem e com visão inovadora, para poder se reformular toda aérea comercial, melhorar o marketing digital e chegar mais rápido aos clientes.

Na conversa com o Expansão disse ainda que há que falar com as pessoas e saber quais são as condições, para se fazer as transformações. "Há muitas coisas que podem ser inovadoras. Evidentemente, que temos que tomar uma medida imediatas. Não serão medidas grandes, temos que ter tempo de reflexão e análise e logo planear adequadamente, porque devemos isso aos nossos clientes e a continuidade do negócio tem que estar assegurada", disse Eduardo Soria

Apesar de a empresa ter quase três mil trabalhadores, Eduardo Soria disse que conta com todos para alavancar a companhia. Ou seja, não haverá despedimentos, e está assim alinhado com o ministro da tutela nesta questão.

A presidente do Conselho de Administração não executiva, Ana Francisco Major, na apresentação da nova direcção da empresa, afirmou que a transparência, o sentido de responsabilidade e a prestação de contas são os princípios de governança que a companhia deve aplicar.

"Temos vários desafios como do ponto de vista organizativo e financeiro. Há muito para se fazer. Vamos ter tempo para estudar e a profundidade das coisas. Os próximos 100 dias serão decisivos e determinantes para podermos perceber melhor a empresa," clarificou Ana Francisco Major.

A TAAG é uma das 195 empresas com capital público, que o Governo pretende privatizar, no âmbito do ProPriv.

A companhia tem o IGAPE como o maior accionista, com 50% do capital, seguido da Empresa Nacional de Navegação Aérea (ENNA), que tem 40%, e do Fundo Social dos Funcionários e Trabalhadores do Sector de Transportes, que tem 10%.

Recorde-se que este conselho de administração foi eleito no passado dia 20 do corrente mês pela Assembleia Geral Universal dos Accionistas da TAAG, depois da exoneração em massa feita pelo Presidente da República.