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Empresas & Mercados

Primeiro fundo de capital de risco capitalizado com 350 milhões Kz

FUNDO GREENFIELD É GERIDO PELA DELTA GEST

O Expansão traça o perfil dos sete primeiros participantes do Fundo que vai, em parceria com investidores estrangeiros, financiar projectos ambientais, sociais e de governação no País. Já tem negócios em vista como uma fábrica de medicamentos e uma fintech, que pretende revitalizar.

O primeiro fundo de capital de risco registado em Angola acaba de ser capitalizado com 350 milhões Kz, equivalente a cerca de 700 mil USD, e já está pronto para começar a identificar no País projectos ESG (sigla em inglês para ambiental, social e governação), revelou ao Expansão João Santos, o presidente do Conselho de Administração da Sociedade responsável pela gestão dos fundos, a Delta Gest.

O Expansão apurou que o fundo Greenfield, que tem 7 participantes com igual participação, pretende financiar dois tipos de projectos: os que ainda não tenham começado e empresas que tenham bom desempenho mas que precisem de capital para fazer crescer o seu negócio.

Para esse efeito, a gestora de fundos, a Delta Gest, tem em vista parcerias com fundos de investimento internacionais ESG que pretendem investir em África mas que só não o fazem em Angola porque não existia uma entidade com o mesmo DNA para ser parceira local e apoiar na identificação de projectos rentáveis e alocação dos fundos disponíveis para financiar os referidos projectos.

De acordo com o PCA da Delta Gest, este fundo Greenfield apenas financiará projectos ESG, por isso apenas vai focar-se em áreas ligadas ao ambiente, sustentabilidade e governação.

Por isso, João Santos convida os empreendedores angolanos a, por via do site da Delta Gest, apresentarem projectos e ideias, preenchendo o questionário e no final o próprio sistema vai apresentar quais são os projectos que vale a pena e os que não. E diz que apenas se vão focar nos projectos que "valham a pena".

Entretanto, afirma que já estão identificados alguns projectos para investir, sendo um de construção de uma fábrica de medicamentos no país. A gestora olha também para uma fintech que já arrancou e que precisa de financiamento. "A nível de governação, nós estamos neste momento em contacto com uma fintech que já arrancou mas tem sérios problemas de controlo interno. Eles precisam de injecção de dinheiro para ter um bom sistema de governação interna. Depois vamos sair [dessa empresa] por via da BODIVA".

Na questão do investimento no projecto da saúde, João Santos é peremptório: "não há uma fábrica de medicamentos no País. Por isso não podemos comprar nenhuma fábrica. Temos de começar um processo de análise de mercado para ver que tipo de fábricas queremos e que o País precisa. Por isso é que eu chamei o fundo de Greenfield, por estar ligado a projectos que começam do zero. Coisas que nunca arrancaram, nós pegamos nelas, e levamos para a frente. Tem um grande impacto social".

O fundo Greenfield tem em vista outros sectores como, por exemplo, os de transição energética. Para João Santos, a existência de fundos de capital de risco no País vai contribuir para que cada vez mais empresas se financiem por via do mercado de capitais. Ou seja, começam por financiar-se via fundos de capital de risco para crescerem e posteriormente, quando estiverem sólidas, procuram financiamento via BODIVA.

Normalmente, este tipo de fundos de capital de risco quando investe numa empresa entra para o seu capital social, fortalece-as e valoriza-as e só depois sai, normalmente por via de bolsa de valores e algumas vezes por via da venda da participação a outros accionistas.

Recorde-se que a BODIVA lançou recentemente o segmento de mercado das PME"s onde os requisitos são mais leves. "Costumo dizer que o país a nível regulamentar está pronto, o que precisa é haver estes mecanismos de financiamento transparentes. E nós estamos a apostar na palavra transparência. Por isso é que as pessoas vêm dar a cara para mostrar que não estamos a ser financiados seja por quem for, não é dinheiro dos cofres de Estado. O dinheiro vem de um conjunto de empreendedores que fizeram a sua vida e que querem investir nisso" disse.

Sobre a vantagem de investir nestes fundos

A Delta Gest, que é a única sociedade gestora de fundos em Angola que não tem um banco como accionista, admite dois tipos de investidores nos seus fundos. "Nós temos nos dois fundos [Greenfield e Brownfield] duas categorias de investidor: o investidor de classe A, que é o investidor âncora, aquele que faz acontecer o fundo, e depois o de classe B", refere. O investidor de classe A tem alguns benefícios à partida, um deles é que 30% das mais-valias são para ser distribuídos só entre investidores de classe A. Enquanto os outros 70% são distribuídos por todos os investidores.

De momento no Greenfield já não é possível ter investidores de classe A. Mas os interessados podem candidatar-se contactando com a DeltaGest e ficam na lista de espera até final do ano, data em que se vai realizar o aumento de capital, entrando assim para a classe B.

O valor mínimo para comprarunidades de participação e tornar-se investidor de classe A quer no Brownfield quer no Greenfield são 50 milhões Kz, que equivalem a quatro unidades de participação. Já a classe Bsão 12,5 milhões Kz.

Sobre a rentabilidade esperada nestes fundos, João Santos clarifica que a Delta Gest não estará a fazer um bom trabalho se daqui a dois ou três anos não começar a dar uma rentabilidade de pelo menos duas vezes o que oferecem os títulos do tesouro.

"Vamos trabalhar para dar uma alta rentabilidade às pessoas. Capital de risco é um investimento de maior risco. mas com uma maior rentabilidade", disse. O Fundo tem 10 anos de duração mas os investidores podem repassar a sua participação a outro investidor antes desse tempo.