No início deste mês, o secretário de Estado para os Recursos Minerais, Jânio Correia Victor, quando apresentava, em Saurimo, na Lunda Norte, a I Conferência Internacional de Diamantes de Angola, que vai decorrer entre 25 e 27 de Novembro, lembrava que a maior parte das pedras preciosas encontradas no país são, na sua esmagadora maioria, exportadas como pedras em bruto e lapidadas e trabalhadas no exterior.

Preconizava na altura Correia Victor que "é muito importante para o país" se mais pedras preciosas encontradas em Angola aqui pudessem seguir o seu percurso até ao entalhe final.

"Neste momento temos já algumas fábricas sobre lapidação, tanto em Luanda como no Saurimo, no Pólo de Desenvolvimento Diamantífero, que se encontram a trabalhar maioritariamente com pessoal jovem angolano", adiantou o secretário de Estado, deixando escapar que o Governo tem como objectivo de que pelo menos 20% do que é hoje "exportado de forma bruta" possa ser lapidado no país.

Ideia que foi corroborada por José Ganga Júnior, o presidente do Conselho de Administração da Empresa Nacional de Prospecção, Exploração, Lapidação e Comercialização de Diamantes de Angola (Endiama).

Menos optimista quanto a essa possibilidade esteve o presidente do conselho de administração da Sociedade de Comercialização de Dimantes (Sodiam), Eugénio Bravo da Rosa, que acha que a meta dos 20% de diamantes lapidadas localmente ainda está longe de ser alcançada, ainda que tenha enfatizado: "O caminho a percorrer é longo para chegarmos a esse nível, mas não temos outra alternativa que não seja fazer o caminho caminhando, e é o que temos estado a fazer. Até 2019, tínhamos apenas uma fábrica de lapidação, depois dessa data surgiram em Luanda mais três e agora em Saurimo também mais três fábricas de lapidação e um sector de formação", acrescentou Bravo da Rosa.

Por agora, e certamente para o mercado internacional, a SODIAM vai leiloar a partir de segunda-feira, e entre 15 e 29 de Novembro, de diamantes brutos - com licitação de forma remota, através de um modelo fechado, na plataforma online, com todos os interessados a registados em www.sodiamsales.com - com um valor inicial estimado em 20 milhões de dólares.

Em Junho deste ano, houve um leilão no mesmo modelo, e no qual participaram mais de 50 empresas do sector, que rendeu 56 milhões de dólares.

Desta feita, e em leilão, estão seis pedras especiais da Sociedade Mineira do Lulo, das quais duas cor-de-rosa e vários cestos de pedras especiais da Sociedade Mineira do Catoca.

Angola produziu, até Setembro deste ano, sete milhões de quilates de diamantes, dos 9,1 milhões programados, cuja comercialização ultrapassou os mil milhões de dólares, anunciou recentemente Ganga Júnior.