Recursos hídricos potenciam entrada de Angola no negócio do hidrogénio
Angola não tem ainda um plano para a transição energética para "combater" a inevitável diminuição da procura mundial por petróleo, mas já identificou que o caminho passa pela produção e exportação de hidrogénio aproveitando os elevados recursos hídricos e de gás natural do País.
Segundo uma fonte do Ministério da Energia e Águas, este processo "é inevitável e o país tem potencial para produzir níveis de hidrogénio" em quantidade suficiente para cobrir parte das receitas que se vão perder na exportação de petróleo, sobretudo a partir de 2030, que é a data em que as maiores marcas mundiais de construtoras automóveis vão deixar de produzir viaturas movidas a gasóleo e gasolina. Para evitar um rombo nas receitas fiscais do país, esta transição energética terá sempre de ser acompanhada com a tão adiada diversificação económica, isto porque no espaço de uma década será necessário substituir as receitas fiscais petrolíferas por receitas de outras áreas como a agricultura ou a indústria transformadora, o que, para os especialistas, deverá ainda demorar muito tempo.
Tempo que o País não tem, admitem vários especialistas, porque está cada vez mais pressionado por um horizonte que aponta a uma quebra acentuada na procura de petróleo, uma vez que vários países já anunciaram a proibição de circulação de automóveis a gasóleo e gasolina no período entre 2025 e 2030.
É neste cenário que uma equipa de especialistas do Ministério da Energia e Águas e do Ministérios dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás está a trabalhar para criar as condições técnicas e as bases para assegurar que o hidrogénio será no futuro um dos principais produtos de exportação angolana. Até porque o hidrogénio, a nível mundial, é encarado como o principal substituto natural do petróleo no sector dos transportes e o país não quer perder a "carruagem", pois a própria matriz energética do país em vigor até 2030 potenciou a construção de barragens, o que é fundamental para a produção de hidrogénio.
A fonte do Ministério da Energia sublinha que ao país apenas interessa a produção de hidrogénio verde (a partir da água) e azul (a partir do gás natural) - ver quadro ao lado.
José Oliveira, especialista em energia, acredita que o país pode vir a produzir para exportar tanto hidrogénio azul a partir do gás natural, como verde a partir da água. "Como se pensa que os camiões dentro de alguns anos vão ser movidos a hidrogénio poderemos usá-lo em parte internamente. Mas nada disso cobre a perda de receitas do petróleo em valor apreciável", admite.
(Leia o artigo integral na edição 624 do Expansão, de sexta-feira, dia 14 de Maio de 2021, em papel ou versão digital com pagamento em Kwanzas. Saiba mais aqui)