Saltar para conteúdo da página

Logo Jornal EXPANSÃO

EXPANSÃO - Página Inicial

África

China pode substituir financiadores ocidentais nos projetos de petróleo e gás em Moçambique

Devido à oposição institucional aos investimentos em combustíveis fósseis

O mercado tem vindo a sinalizar que é cada vez mais difícil o investimento para projectos de ou em combustíveis fósseis, pelo menos na parte Ocidental do mundo, e, mais uma vez, a China surge como alternativa, mas também por razões climáticas. O gás natural em Moçambique é um exemplo

Andy Brown, o novo CEO da Galp, a companhia de energia portuguesa, que está por estes dias em Moçambique, explicou isso mesmo em recente entrevista à agência Lusa.

A China quer "urgentemente substituir o carvão com gás por razões ambientais e imagino que estariam interessados em investir neste tipo de projecto", e o projecto é o gás natural liquefeito do Norte de Moçambique, concretamente na Aérea 4 de exploração de gás da bacia do Rovuma.

"O financiamento para projetos de petróleo e gás está a ficar mais difícil, mas nem todo o mundo subscreve (a posição de) não investir" no sector, referiu Andy Brown, no entanto, acrescentou que "o mundo ainda precisa de muito petróleo e gás".

Andy Brown defende que deve ser acautelada uma transição energética gradual do carvão para gás e depois para fontes renováveis com governos, empresas e toda a sociedade a gerir a passagem sem que a população seja sobrecarregada "com energia muito cara" e protegendo o clima.

Em Abril, sete países europeus, incluindo França, Alemanha e Reino Unido, anunciaram a suspensão do financiamento público para projetos de combustíveis fósseis no estrangeiro, depois de em 2020 o fundo soberano da Noruega, o maior do mundo, ter vendido as participações nas grandes empresas mineiras e energéticas devido a preocupações ambientais.

Os grandes bancos de desenvolvimento internacionais, como o Banco Mundial, o Fundo Monetário Internacional ou o Banco Africano de Desenvolvimento, têm vindo a reduzir o financiamento a projetos de investimento em combustíveis fósseis.

Questionado pela Lusa sobre a posição da Galp face aos investimentos em terra da Área 4, que têm sido sucessivamente adiados pela Exxon Mobil, líder do processo, Andy Brown foi claro: "Queremos desenvolver este projecto".

O consórcio da Área 4 (em que a Galp tem uma fatia de 10%) "vai perspectivar o lançamento" do investimento, "mas só quando a segurança estiver garantida" em Cabo Delgado, referiu, dada a insurgência armada que atinge a província há quatro anos e que levou à suspensão do investimento da petrolífera Total em março.

"O Governo está a fazer progressos e isso é importante para o investimento", concluiu Brown.