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África

FMI intensifica discussões com o Gana para aprovar programa até Dezembro

MONTANTE DE FINANCIAMENTO AINDA NÃO FOI REVELADO

A Associação de Empregadores do Gana considera que o programa do FMI vai ajudar a restaurar a estabilidade e a credibilidade, essenciais para reduzir a percepção de risco e os receios dos empregadores e investidores.

As negociações entre o Gana e o Fundo Monetário Internacional (FMI) retomam segunda-feira, dia 26, para a aprovação de um programa de ajuda à balança de pagamentos, antes do final de Dezembro. Por serem necessárias discussões detalhadas, o FMI não fala em montantes de financiamento, limitando-se à declaração inicial de que está pronto para "ajudar o Gana a restaurar a estabilidade macroeconómica, salvaguardar a sustentabilidade da dívida e promover um crescimento inclusivo e sustentável".

Uma missão chefiada por Stephen Roudet desloca-se pela segunda vez ao Gana, para nova ronda de contactos, desde que o governo pediu ajuda ao FMI, no início de Julho, após falhar a meta do novo imposto sobre transacções electrónicas, o E-Levy, que visava angariar 900 milhões USD para cobrir o défice fiscal. O novo imposto foi amplamente criticado, os pagamentos electrónicos caíram a pique e a arrecadação de receita ficou muito aquém das estimativas, como noticiou o Expansão.

O pedido de ajuda ao Fundo Monetário foi bem recebido pela Associação de Empregadores do Gana (GEA), que reuniu este mês na sua 62ª assembleia geral anual, com a crise agudizada pela guerra na Ucrânia como pano de fundo. O presidente da GEA, Dan Acheampong, considera que o programa proporciona políticas urgentes que são necessárias para restaurar a estabilidade e a credibilidade, elementos essenciais para reduzir a percepção de risco e o receio dos empregadores e investidores. A pesada dívida pública trouxe dificuldades acrescidas à balança de pagamentos, fechando a "torneira" do financiamento externo.

Uma situação que se agudizou em Fevereiro, quando a Moody"s colocou a dívida soberana no lixo e um mês após as yields (rendimento) dos seus eurobonds subirem para o nível mais alto em 10 anos, afugentando os investidores internacionais.

Segunda dívida mais vulnerável no mundo

O Gana tinha a 14 de Setembro as segundas yields mais altas do continente, ao atingir uma taxa de 23,39%, um pouco acima da Zâmbia, que subiu de 21,11% para 23,35% numa semana, com o início das negociações com os credores privados para reestruturação de uma dívida de 8,4 mil milhões USD.

A Etiópia lidera, com 37,18, por causa do agravamento da instabilidade no norte do país, desde que as forças independentistas da zona de Tigray iniciaram a guerra em 2020. A 15 de Setembro, durante um briefing com a imprensa, o porta-voz do FMI, Gerry Rice, esclareceu que o fundo tinha de fazer uma "actualização completa da situação da dívida no Gana", antes da decisão final, já que a guerra na Ucrânia tinha atingido duramente o Gana, reduzindo os seus recursos fiscais e a sua capacidade para cumprir o serviço da dívida.

Em Julho, o Gana, uma das economias mais prósperas e estáveis de África, figurava em segundo no relatório da Bloomberg sobre a vulnerabilidade das dívidas soberanas. A lista do Sovereign Debt Vulnerability Ranking da Bloomberg era liderada por El Salvador e contava, no top 10, com cinco economias africanas: Tunísia (3.º), Egipto (5.º), Quénia (6.º) e Namíbia (10.º). Angola surgia na 12ª posição.