Liquidar dívida do Zimbabué depende do pagamento de compensações a fazendeiros
Emmerson Mnangagwa reiterou a intenção de "liquidar os pagamentos em atraso a credores internacionais", mas não deixou de lamentar o peso das sanções internacionais na asfixia económica do país.
O pagamento de compensações a fazendeiros expropriados das suas terras durante a reforma agrária de Robert Mugabe e a realização de "eleições livres e justas" no final deste ano "ajudariam a criar confiança nos parceiros" e a liquidar a dívida do país, avaliada em 17,5 mil milhões USD, afirmou o ex-Presidente moçambicano, Joaquim Chissano, na II reunião da plataforma para resolução da dívida do Zimbabué.
O Presidente do Zimbabué, Emmerson Mnangagwa, comprometeu-se a cumprir um novo acordo, que prevê o pagamento de 3,5 mil milhões USD de compensações a 3.500 fazendeiros no prazo de 10 anos e a desenvolver reformas económicas e financeiras, após ser instado a passar do diálogo a "acções mais visíveis". Um perdão de dívida, num valor ainda não acertado, será conhecido numa reunião de alto nível, a realizar em Maio.
A plataforma de diálogo para a resolução da dívida reuniu, há uma semana, após um primeiro encontro em Dezembro de 2022, coordenado pelo presidente do Grupo do Banco Africano de Desenvolvimento (BAD). Akinwumi Adesina foi nomeado pelo Presidente do Zimbabué para coordenar o processo de liquidação de dívidas, e tem a seu lado Joaquim Chissano, como facilitador do diálogo de alto nível, e a ex-primeira ministra moçambicana Luísa Diogo como conselheira técnica.
Participaram na reunião, 17 países do Clube de Paris, o BAD e o Banco Europeu de Desenvolvimento, segundo o Jornal New Zimbabwe Nesta II reunião, Emmerson Mnangagwa reiterou a intenção de "liquidar os pagamentos em atraso a credores internacionais", condição essencial para voltar a aceder a emprestimos de instituições multilateriais, como o FMI e o Banco Mundial, mas não deixou de lamentar o peso das sanções internacionais na asfixia económica do país.
102 correspondentes bancários perdidos
"Depreendemos que mais de 20 anos de sanções têm prejudicado o povo do Zimbabué. O sector privado, outrora próspero, implodiu. A banca internacional quase secou com 102 relações bancárias por correspondência perdidas na última década", descreveu Adesina, notando que "mais de 90% da economia" foi atirada para a informalidade.
As sanções, segundo o presidente do BAD, provocaram atrasos no pagamento e levaram a uma acumulação da dívida, até aos 17,5 milhões USD, 14,0 mil milhões USD dos quais a credores externos. A dívida a credores bilaterais atinge 5,8 mil milhões USD e a credores multilaterais 2,5 mil milhões USD.
Como é um ponto sensível, o governo comprometeu-se a desbloquear o processo de compensação de terras no valor de 3,5 mil milhões USD ao longo de 10 anos, encurtando o prazo de 20 anos do acordo assinado em 2020. O governo tem falhado todos os prazos de pagamento das compensações acordados, segundo a Bloomberg. O Zimbabué tem também de levar a cabo reformas económicas e monetárias, que incluem a reforma do banco central, para desbloquear o processo de liquidação da dívida.