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África

Presidente do Malawi fala em "Afrofobia"

Nova variante Omicron com epicentro na África Austral

Lazarus Chakwera, Presidente do Malawi, escreveu num post no Facebook, que "as proibições unilaterais de viagens agora impostas aos países (da SADC) pelo Reino Unido, UE, EUA, Austrália e outros são desnecessárias. As medidas a tomar devem ser baseadas na ciência e não na afrofobia".

O presidente do Malawi descreveu as proibições de viagens impostas por vários países em resposta à nova estirpe do coronavírus como "Afrofobia", e junta-se assim a outros líderes africanos na condenação das restrições.

Muitos países fecharam suas fronteiras para viajantes dos países do sul de África depois que a nova variante do vírus, designada Omicron, ter sido identificada por cientistas sul-africanos na semana passada. Entretanto, os especialistas alertam que as restrições a viagem vêm tarde para ser eficazes porque muito provavelmente a nova variante já está disseminada uma vez que surgem casos em lugares tão distantes como Ásia ou a Austrália.

As proibições também irritaram vários líderes políticos africanos que as vêem como "precipitadas" e "injustificadas". O ministro da saúde da África do Sul descreveu as medidas na sexta-feira como "mal direcionadas" e "draconianas".

"Estamos todos preocupados com a nova variante mais transmissível e devemos aos cientistas da África do Sul nossos agradecimentos por a terem identificado antes de qualquer outra pessoa", escreveu o Presidente do Malawi, Lazarus Chakwera, num post no Facebook, onde ainda acrescentou: "Mas as proibições unilaterais de viagens agora impostas aos países (da SADEC) pelo Reino Unido, UE, EUA, Austrália e outros são desnecessárias. Medidas cobertas devem ser baseadas na ciência, não na afrofobia."

O Presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, no domingo, condenou os países que proibiram viagens para a África do Sul e vizinhos devido à variante Omicron. Cyril Ramaphosa disse que estava "profundamente decepcionado" com as proibições de viagens e pediu que fossem suspensas imediatamente.

"A única coisa que a proibição de viagens vai fazer é prejudicar ainda mais as economias dos países afectados e minar sua capacidade de resposta à recuperação económica e à recuperação da pandemia".

Não é a primeira vez que países onde as novas variantes são identificadas ficam, de certa forma, condenados a um relativo ostracismo e a uma carga negativa por parte de outros países e da opinião pública.

Não por acaso, a Organização Mundial de Saúde (OMS) decidiu usar o alfabeto grego para designar as novas variantes de forma a torná-las pelo nome mais universais e para evitar o estigma associado ao facto de se anexar nomes de países às variantes.

A variante Delta, por exemplo, altamente transmissível, começou por ser conhecida pela "variante indiana", onde foi encontrada pela primeira vez. Da mesma forma a variante Alfa, também começou por ser a "variante do Reino Unido", porque foi aí que os cientistas a identificaram pela primeira vez, e é uma variante altamente contagiosa que lançou o caos na Europa no início do ano.

E se recuarmos no tempo chegamos a Wuhan, ao início de 2020, onde tudo começou, e temos o também conhecido "vírus chinês", mesmo quando a China, mais tarde, dizia ao mundo que o vírus tinha vindo do exterior, através de produtos congelados, ideia que não colheu o apoio dos cientistas.

Matshidiso Moeti, diretor da OMS para a África, afirmou também este domingo que com a Omicron a aparecer em diversos lugares do mundo, as proibições de viagens para os países africanos "põe em causa a solidariedade global".

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