Último voo militar saiu de Cabul, é o fim da mais longa guerra da América
Os Estados Unidos retiraram as últimas tropas do Afeganistão, foi o fim de um conflito de 20 anos que culminou com a retirada caótica de mais de 120 mil pessoas, acentuada pela rápida progressão dos talibans no país.
A chegada, aparentemente, inesperada dos talibans a Cabul a meio de Agosto e um atentado suicida que provocou a morte a quase 200 pessoas e, entre elas, a 13 militares norte-americanos, no passado fim de semana, são dois dos momentos mais marcantes de uma retirada consensualmente desastrosa da tropas norte-americanos do Afeganistão, a par disso, a retirada desesperada de mais de 12 mil pessoas, entre cidadãos ocidentais como de afegãos que colaboraram com eles, muito deles, como tradutores.
A data de 31 de Agosto foi cumprida, mas para trás ficaram ainda alguns cidadãos norte-americanos e milhares de afegãos em risco.
"Estou aqui para anunciar a conclusão de nossa retirada do Afeganistão no final da missão militar para evacuar cidadãos americanos, nacionais de países terceiros e afegãos vulneráveis", disse o general Kenneth F. McKenzie, esta segunda-feira, no Pentágono. "O último C-17 decolou do Aeroporto Internacional Hamid Karzai em 30 de Agosto", acrescentou.
Os talibans concordaram em permitir que estrangeiros e afegãos com vistos deixem o país depois de que a missão de resgate internacional deixasse Cabul. Mas as notícias são contraditórias, porque há indicações que vão em sentido contrário, de que os talibans não tencionam permitir que mais cidadãos afegãos deixem o país.
O Conselho de Segurança das Nações Unidas aprovou, esta segunda-feira, uma resolução no sentido de instar os talibans a cumprir a sua promessa, pedindo abertura da actividades humanitárias e que evitem os ataques extremistas.
Treze países, incluindo França, Reino Unido e Estados Unidos, votaram a favor da resolução, que também apela para a necessidade de um acordo que respeite os direitos humanos no país. China e Rússia se abstiveram, criticando a forma como o Ocidente organizou a saída do Afeganistão após um esforço militar de duas décadas.
O embaixador russo no Conselho de Segurança, Vassily Nebenzia, optou por destacar o "impacto negativo" que as evacuações tiveram na economia do Afeganistão. "Com essa fuga de cérebros, o país não conseguirá atingir seus objetivos de desenvolvimento sustentável", afirmou Nebenzia.
O embaixador chinês Zhang Jun argumentou que a resolução intensificaria as tensões no Afeganistão e que a comunidade internacional deveria respeitar a soberania da nação e "o direito de determinar seu próprio futuro". Jun criticou, ainda, a retirada "precipitada e caótica" dos EUA e acrescentou que os países que estiveram no Afeganistão "deveriam ser responsáveis ??pelo que aí fizeram nos últimos 20 anos".