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Despedimentos na Meta e Twitter destapam crise nas tecnológicas

FACEBOOK TEM VINDO A PERDER QUOTA DE MERCADO NAS REDES SOCIAIS E RECEITAS DE PUBLICIDADE

A Meta e o Twitter têm vindo a acumular prejuízos, após crescimentos notáveis nos dois anos da pandemia da Covid-19. Os lucros da dona do Facebook no terceiro trimestre deste ano deslizaram 50% face a 2021 e a empresa perdeu 75% do seu valor de mercado nos últimos 14 meses. Já o Twitter perde 4 milhões USD por dia.

A Meta vai iniciar um plano de despedimentos em massa, que deverá atingir parte significativa dos seus 87 mil trabalhadores, noticiou o Wall Street Journal, na mesma semana em que os despedimentos bateram à porta do Twitter, após Elon Musk concretizar a compra da rede social por 44 mil milhões USD. O empresário, de origem sul-africana, acabou por recuar e, esta segunda-feira, pediu aos 3.700 funcionários dispensados que regressem ao trabalho, porque a empresa precisa deles, de acordo com a Bloomberg.

A Meta e o Twitter têm vindo a acumular prejuízos, após crescimentos notáveis nos dois anos da pandemia da Covid-19. Os lucros da dona do Facebook no terceiro trimestre deste ano deslizaram 50%, face ao período homólogo de 2021, para os 4,4 mil milhões USD, segundo a Forbes, e a empresa perdeu 75% do seu valor de mercado nos últimos 14 meses. Já o Twitter, com uma capitalização bolsista de 41 mil milhões USD na segunda-feira, 7, seis vezes menos do que vale a Meta, perde 4 milhões USD por dia, como afirmou Elon Musk na semana passada para justificar os despedimentos.

Os despedimentos na Meta, segundo o New York Times, "eram esperados até ao final da semana", embora, no domingo, quando o diário nova-iorquino publicou a notícia, ainda se desconhecia quantas pessoas seriam dispensadas e em que departamentos. A dona do Facebook tem vindo a fazer mudanças significativas em todos os sectores para operar de forma mais eficiente", incluindo a redução de algumas equipas e a contratação a ser confinada às suas áreas de maior prioridade, acrescenta o jornal.

A empresa criada por Mark Zuckerberg gastou milhares de milhões de dólares na tecnologia emergente do metaverso, um mundo online imersivo que mistura realidade aumentada e ambientes virtuais, mas o abrandamento da economia global e a elevada inflação fizeram baixar as receitas publicitárias, que representam mais de 90% das suas receitas totais, 50% provenientes dos EUA e Canadá.

O negócio da Meta, dona do Facebook, Instagram, WhatsApp e Messenger, também tem sido prejudicado pelas mudanças de privacidade introduzidas pela Apple, que dificultam a capacidade de muitas aplicações de di[1]recinar anúncios móveis para os seus utilizadores.

Mas não foi só isso que fez a Meta perder valor de mercado. O Facebook, a maior rede social do mundo com mais de 3,6 mil milhões de utilizadores activos mensais, tem assistido a um declínio da sua quota de mercado nas redes sociais, sofrendo a concorrência directa do TikTok, com maior penetração junto dos mais jovens.

Queda a pique

A Meta perdeu 75% do seu valor de mercado, desde 10 de Setembro de 2021, quando atingiu uma capitalização de 1,07 biliões USD. Desde essa altura, as acções da empresa no índice de Nasdaq, onde estão cotadas as grandes tecnológicas, têm vindo a cair a pique, fechando esta segunda-feira em 96.72 USD, o que dá um valor de mercado de 251,2 mil milhões USD.

É preciso recuar a 31 de Agosto de 2015 para chegar a um valor tão baixo. A dona do Facebook valia então 251,9 mil milhões USD, um pouco mais de metade da capitalização a 11 de Março de 2020, quando a Organização Mundial de Saúde declarou a pandemia da Covid-19, iniciando aí um período de valorização impulsionado pelos confinamentos sucessivos para conter a transmissão da doença.

Com milhões de pessoas em todo o mundo confinadas em casa, muitas em situação de teletrabalho, redes sociais como o Facebook e o WhatsApp, tornaram-se um instrumento de aproximação e interacção, o que contribuiu para a valorização da Meta. A 6 de Novembro de 2020, a empresa registou uma capitalização de 835,7 mil milhões USD, 53% mais do que valia um ano antes (546,5 mil milhões USD), continuando um ciclo ascendente que perdurou até Setembro de 2021, quando ultrapassou a barreira de 1 bilião USD.

A empresa inicia aí a queda, numa trajectória que a levou a perder 75% do seu valor até o Wall Street Journal revelar, a 4 de Novembro, um relatório que aponta a despedimentos em massa. A notícia passou quase despercebida no meio dos despedimentos no Twitter, após ter sido comprada por Elon Musk, e que afectaram 75% dos 7.500 trabalhadores da empresa.

As receitas do Twitter, segundo Musk, caíram drasticamente devido à saída de vários anunciantes por causa de "grupos activistas" que alegadamente pressionavam as empresas a fazer publicidade. Mas as posições de Musk, que anunciou a intenção de cobrar 8 USD por mês aos utilizadores para a verificação de perfis e a sua visão absolutista da liberdade de expressão também contribuíram para a queda. Várias marcas decidiram suspender a publicidade no Twitter, como são os casos dos gigantes norte-americanos General Mills, no ramo agroalimentar, e General Motors, no sector automóvel, assim como a alemã Volkswagen.