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Falência da FTX abala mercado das criptomoedas e incita à regulação

COLAPSO DE UMA DAS MAIORES CORRETORAS DE CRIPTOACTIVOS LANÇA PÂNICO NO MERCADO

"Agora, mais do que nunca, está claro que há grandes consequências quando as entidades de criptomoedas operam sem supervisão federal robusta e protecção aos clientes", declarou Maxine Waters, presidente do Comité de Serviços Financeiros da Câmara dos Deputados dos EUA.

O mercado das criptomoedas afundou 20% numa semana, após o colapso da FTX, uma das maiores corretoras de criptoactivos do mundo e cujo anúncio de insolvência desencadeou um pico de fluxos em trocas e liquidação de moedas digitais superior a 8 mil milhões USD, naquele que é considerado o "momento Lehman" das criptomoedas.

A comparação é feita por vários analistas, embora tenha sido usada também, em Maio deste ano, quando ocorreu o colapso de duas criptomoedas: a Luna e a TerraUSD, o primeiro grande abalo no mercado das moedas digitais, que lançou suspeitas e instalou o pânico no mercado, em ascensão, dos criptoactivos. Segundo a Bloomberg, que se baseia no fornecedor de dados CryptoQuant, entre 6 e 13 de Novembro, os investidores levantaram e liquidaram 3,7 mil milhões USD em Bitcoin, 2,5 mil milhões USD em Ether e mais de 2 mil milhões USD em stablecoins (moedas estáveis).

A FTX acabou por entrar com um pedido de falência na sexta-feira, 11, após os operadores "sacarem" 6 mil milhões USD da plataforma em apenas 72 horas e a bolsa rival Binance abandonar um acordo proposto de resgate, como relata a CNN. "A espantosa queda da bolsa FTX, um dos maiores e mais reputados players no mercado de activos digitais, está a provocar alarme entre as pessoas que possuem moedas criptográficas enquanto os investidores correm para se cobrirem", escreveu Julia Horowitz, numa análise para a CNN Business, onde antecipa as consequências da falência da correctora, criada em 2018 por Sam Bankman-Fried, que entrou para a lista de bilionários da Bloomberg no ano passado.

Grande volatilidade

O que é evidente para a analista de mercados é que "as consequências da crise da FTX injectam uma volatilidade significativa no ecossistema criptográfico". O episódio "destruiu a confiança e encorajou os reguladores, que estão agora em alerta máximo", conclui Julia Horowitz.

"Agora, mais do que nunca, está claro que há grandes consequências quando as entidades de criptomoedas operam sem supervisão federal robusta e protecção aos clientes", declarou Maxine Waters, presidente do Comité de Serviços Financeiros da Câmara dos Deputados dos EUA. Numa declaração de 10 de Novembro, o congressista do Partido Democrático insuflou pressão por uma supervisão federal adicional das plataformas de negociação de criptomoedas e pela aprovação de legislação para regular as stablecoins.

Segundo o Financial Times, a falência da FTX deixou um milhão de credores "sem chão" e com perdas que ainda não foram devidamente calculadas. Antes de 11 de Novembro, dia em que Sam Bankman-Fried deixou o cargo de CEO da plataforma, o jornal britânico divulgou o balanço da FTX, que se resumia a uma folha de Excel provavelmente feita pelo próprio. O balanço mostra que a FTX, quando decretou falência a 10 de Novembro, só tinha 900 milhões USD em activos líquidos para cobrir responsabilidades de 9 mil milhões USD.

Antes da falência, o Departamento de Justiça dos EUA e a Comissão de Valores Mobiliários estava a investigar a FTX nos EUA, entidade comercial separada que, segundo Sam Bankman-Fried, "não foi impactada financeiramente" pelas preocupações de liquidez da FTX, como revelou o Wall Street Journal, a 9 de Novembro. Na Europa, o deputado alemão Stefan Berger, membro do Comité de Economia do Parlamento da União Europeia, também citou a situação da FTX para pressionar a aprovação de regulamentação adicional no espaço cripto.

(Leia o artigo integral na edição 701 do Expansão, de sexta-feira, dia 18 de Novembro de 2022, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)