Saltar para conteúdo da página

Logo Jornal EXPANSÃO

EXPANSÃO - Página Inicial

Mundo

Home Depot "apanhado" em importações ilegais de madeira

MADEIRA DE OKOUME SAIA EM TOROS DA GUINÉ EQUATORIAL E CHEGAVA AOS EUA, PROCESSADA, ATRAVÉS DA CHINA

O Relatório sobre Comércio Tóxico da EIA, lançado em 2019, expôs a importação de produtos ilegais de okoume para os EUA, a partir da República do Congo e Gabão. Desta vez, e com base nas pesquisas anteriores, a investigação centrou-se na Guiné Equatorial e na importação indirecta de okoume para os EUA, através da China.

Um relatório da Agência de Investigação Ambiental (EIA) expôs a ligação do maior retalhista de materiais de construção dos Estados Unidos, a Home Depot, a uma teia de "crimes florestais" e de "grande corrupção na Guiné Equatorial", envolvendo a importação ilegal de okoume, madeira nativa de África Ocidental, proveniente das florestas da bacia do Congo.

A madeira chega aos EUA, através da China, após passar por centros de processamento em três países asiáticos, o que leva a EIA a recomendar à Home Depot que reveja a sua política de compras, de forma a incluir a rastreabilidade dos produtos que adquire desde a sua origem.

A EIA aconselha ainda o maior retalhista de materiais de construção norte-americano a retirar imediatamente das suas lojas todas as portas revistadas a okoume, já que violam a Lei Lacey, e a "suspender a importação" deste tipo de produto até que a empresa desenvolva e implemente um plano de conformidade tão completo e detalhado como o que foi adoptado pela sua concorrente Lumber.

A Agência de Investigação Ambiental apela ainda à China para adoptar regulamentos que obriguem a esclarecer a aplicação das suas importações de madeira e desafia as companhias marítimas internacionais, incluindo a Maersk e a CMA-CGM, a acabar com o seu envolvimento na exportação de madeira da Guiné Equatorial e a efectuarem as diligências necessárias para respeitarem as proibições nacionais de exportação de toras.

Exploração ilegal

O relatório da EIA, divulgado a 7 de Novembro, mostra que mais de 1,2 milhões de portas vendidas desde 2018 correm o risco de conter madeira de okoume, de origem ilegal. A madeira, segundo a investigação, é explorada ilegalmente nas florestas da Guiné Equatorial e importada, "através de centros de processamento asiáticos", em violação da Lei Lacey, que proíbe a importação pelos EUA de vida selvagem e plantas obtidas ilegalmente.

A existência dessas portas "nas prateleiras de mais de 750 lojas Home Depot em 29 estados, em Abril de 2023, beneficia o regime opressivo do Presidente Teodoro Obiang, que governa a Guiné Equatorial desde 1979 e cujo governo tem um dos piores registos de corrupção e direitos humanos no mundo", lê-se no relatório da Agência de Investigação Ambiental, que lança luz sobre a "corrupção e as irregularidades" em toda a cadeia de abastecimento.

"Da Guiné Equatorial, os troncos de okoume são exportados para a China e processados em folheados finos, que por sua vez são processados em revestimento de portas com okoume em centros na China, Tailândia e Malásia", concluem os investigadores da EIA. A maioria do revestimento de portas "é então importada pela Jeld-Wen, um dos maiores fabricantes de portas e janelas do mundo", que cola os "revestimentos de okoume em papelão oco ou molduras de pinho" para portas, que são vendidas a retalhistas, como a Home Depot, chegando assim a milhões de clientes nos EUA.

Quanto à participação da Jeld-Wen na cadeia, a EIA solicita ao Departamento de Justiça que investigue a empresa, assim como outros importadores, que vendem produtos contendo okoume, para determinar se a Lei Lacey está a ser violada e, em caso afirmativo, que adopte medidas de responsabilização.

Subornos por metro cúbico

O relatório de 39 páginas, consultado pelo Expansão, refere que informações fornecidas aos investigadores da EIA sugerem que "Teodorin" Nguema Obiang, filho do Presidente da Guiné Equatorial, ex-ministro das Florestas e actual vice-presidente, cobrou subornos por cada metro cúbico de madeira okoume exportada da Guiné Equatorial para a China. Os subornos são quantificados em 24,6 milhões USD por ano, de 2015 a 2021.

A cadeia de fornecimento de portas revistadas a okoume "começa na Equatorial Guiné, que em breve se tornará o único país exportador de toras de okoume devido à proibição de exportação da República do Congo e do Gabão, sob um sistema de suborno e corrupção ligado ao vice-presidente "Teodorin" Nguema Obiang ", descreve a Agência de Investigação Ambiental, que nos últimos sete anos investigou alguns dos crimes florestais mais flagrantes da Bacia do Congo e cadeias de abastecimento associadas.

Leia o artigo integral na edição 751 do Expansão, de sexta-feira, dia 17 de Novembro de 2023, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)

Logo Jornal EXPANSÃO Newsletter gratuita
Edição da Semana

Receba diariamente por email as principais notícias de Angola e do Mundo