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Jamie Dimon disse que o JPMorgan iria durar mais do que o PCC e agora pede desculpa à China

Presidente-Executivo do JPMorgan Chase

O presidente-executivo (CEO) do JPMorgan, Jamie Dimon, fez um comentário dizendo que a instituição a que actualmente preside duraria mais do que o Partido Comunista chinês, que celebra 100 anos. Entretanto já veio dizer: "Lamento, não deveria ter feito esse comentário"

Jamie Dimon pediu desculpa à China depois de ter dito, na passada terça-feira, em Boston, no fórum de negócios e perante um grupo grandes empresários norte-americanos, que o JPMorgan Chase duraria mais que o Partido Comunista Chinês (PCC), no partido do poder na China assinala o seu centenário. Curiosamente, o banco está presente na China desde 1921, ano da fundação do partido.

"Aposto que duraremos mais", disse Dimon, acrescentando: "Não posso dizer isso na China. De modo, é muito provável que eles estejam a ouvir". E ouviram, e o banco, logo na quarta-feira, percebeu que tinha uma crise em mãos, no mínimo de relações públicas, mas, e forma mais acentuada, a relação com uma relevante área de negócios.

E Dimon apresentou logo um primeiro pedido de desculpa: "Lamento e não deveria ter feito esse comentário. Estava só a tentar enfatizar a força e a longevidade de nossa empresa."

Horas depois, reiterou o pedido de desculpa: "Lamento o meu recente comentário porque não é correcto brincar ou denegrir qualquer grupo de pessoas, seja um país, seja a sua liderança ou qualquer aspecto da sua sociedade e cultura. E falar desta forma pode prejudicar o diálogo construtivo e refletido numa sociedade, que é agora, mais do que nunca, necessário".

Bonnie Glaser, especialista sobre questões da China do German Marshall Fund, comentou ao Financial Times que a longevidade da festa "não é um assunto para o qual a China goste de chamar a atenção". A embaixada chinesa em Washington não quis comentar.

Os comentários aconteceram uns dias depois do próprio Dimon se ter deslocado a Hong Kong, e foi o primeiro homem da banca de Wall Street a deslocar-se a território chinês desde o início da pandemia.

Os empresários norte-americanos, alguns deles a presidir a multinacionais e que dependem da China em grande parte das suas receitas, costumam ter algum cuidado quando fazem comentários sobre Pequim.

Em 2019, o banco suíço UBS foi excluído de alguns negócios apoiados pelo Estado chinês depois que um de seus economistas ter feiro um comentário sobre "porcos na China" o que foi entendido como uma calúnia.

O JPMorgan faz agora questão de sublinhar que Dimon reconheceu que "nunca deve falar levianamente ou desrespeitosamente sobre qualquer outro país ou sobre a sua liderança". "Durante a discussão, Jamie deixou claro que a China e seu povo são muito inteligentes e atenciosos", acrescentou o banco, e que Dimon "apoia fortemente um diálogo económico construtivo e profundo com a China".

O JPMorgan opera na China desde 1921, no mesmo ano em que o Partido Comunista foi fundado. E o crescimento no país representa uma das maiores oportunidades para o banco e para seus clientes. O JPMorgan obteve neste ano a aprovação dos reguladores chineses para administrar um banco de investimento próprio no país, o que foi um momento marcante para o acesso de bancos estrangeiros ao sector financeiro da China, onde também participa numa joint ventures de gestão de activos e fortunas.

Em Hong Kong, e referindo-se à tensão entre os EUA e a China, Dimon disse em Hong Kong que "não foi influenciado pelos ventos geopolíticos" e que acreditava que os líderes mundiais criariam soluções "racionais". Ao que parece, ele próprio foi pouco racional e agora dois pedidos de desculpa tentam impedir males maiores.