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Rússia escapa a sanções do Processo Kimberley

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A reunião do Processo Kimberley realizada a semana passada no Botswana, rejeitou analisar a petição da sociedade civil e dos representantes da Ucrânia, União Europeia, Austrália, Grã-Bretanha, Canadá e Estados Unidos, que pretendia alargar a definição de "diamantes de sangue", formulação que passaria a incluir os diamantes provenientes ou com participação da Rússia.

No período que antecedeu a reunião, vários grupos da sociedade civil pressionaram, por via de uma declaração pública, para colocar na agenda do encontro as sanções à Rússia. No entanto, logo na segunda-feira, 20, foi anunciado pela gestão do Processo Kimberley que a proposta foi rejeitada e que o tema nem sequer poderia ser discutido pelos membros.

Também foi rejeitada a possibilidade de ampliar a definição de "diamantes de sangue" para incluir actores estatais que usam as pedras para financiar actos de agressão. A Rússia, apoiada pela Bielorrússia, Mali, República Centro-Africana (RCA) e Quirguistão, opôs-se naturalmente às propostas da sociedade civil num organismo que toma decisões por consenso.

"Foi um longo debate e foi preciso muita compreensão e negociação para adoptar a agenda final e a questão da guerra Rússia- -Ucrânia não foi incluída", disse Jacob Thamage, do Botswana, actual presidente do Processo Kimberley, à agência Reuters. Esta decisão desapontou os representantes da sociedade civil que actuam junto daquele organismo internacional de certificação de diamantes. "De facto, o silêncio do comité sobre a crise na Ucrânia confirma que estamos certos em contestar a alegação de que os diamantes de conflito representam menos de 1% de todos os diamantes em circulação", disse Michel Yoboué, coordenador daquela plataforma da sociedade civil.

"O facto de o Processo Kimberley ser incapaz de sequer discutir se deve continuar a certificar os diamantes russos como livres de conflitos, reafirma o que denunciamos há anos: a definição internacionalmente aceite sobre diamantes de sangue não é a mais adequada", disse Yoboué durante o seu discurso no encontro, citado pela agência Reuters.