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Rússia pediu mais 400 mil barris por dia também em Janeiro e os seus aliados na OPEP+ disseram que sim

Petróleo abaixo dos 70 dólares o barril mas as previsões apontam para um preço médio de 85 dólares o barril em 2022

Em carrossel, o preço do petróleo caiu e recuperou ligeiramente no dia em que em que Países Exportadores de Petróleo e os seus 10 aliados, a OPEP+, cederam à pressão dos grandes consumidores, quase que alheios aos efeitos da nova variante Omicron na economia global, ou talvez não

"Nestes tempos de incerteza, é imperativo que (a OPEP e seus aliados) permaneçam prudentes na abordagem e preparados para ser proactivos conforme as condições de mercado o justifiquem", disse o ministro angolano dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás, Diamantino Azevedo, na abertura da reunião da OPEP, por videoconferência.

E a Arábia Saudita e aliados na OPEP+ concordaram em continuar a aumentar a produção de petróleo bruto à medida de 400 mil barris por dia a cada mês, tem sido assim desde Agosto e assim continuará em Janeiro, com a promessa de uma monotorização atenta do mercado de forma a controlar os preços.

Após o anúncio da OPEP+, o brent, a referência dos mercados internacionais e que vale para Angola, caiu para os 68 dólares o barril, acabando o dia com uma ligeira recuperação, ficando-se pelos 69 dólares.

De acordo com várias fontes, a entidade que agremia os países exportadores de petróleo terá cedido a um pedido da Rússia para manter o gradual aumento de produção no primeiro mês de 2022. E essa não foi a única cedência.

A outra cedência de que se fala terá sido aos grandes consumidores - Estados Unidos, China, Japão, Coreia do Sul, Índia e Reino Unido - que já disseram que iriam recorrer às suas reservas estratégicas de petróleo para tentarem travar a subida dos preços.

No entanto, num caso e noutro, a haver cedências elas são relativas, porque o plano da OPEP+ tem sido sempre o mesmo - 400 mil barris por dia a cada mês, a expectativa é se passava de 2021 para 2022, e passou.

Os mercados reagiram com alguma surpresa, porque contava que a OPEP+ tivesse optado por uma atitude mais contida dada a incerteza acrescida relacionada com a nova variante do coronavírus Omicron e os eventuais efeitos na procura global. Temos agora que a ameaça sendo sério não é levada excessivamente a sério pelos países produtores de petróleo, que apostam na recuperação da economia e da procura energética.

Ainda assim, a OPEP+ sinalizou que o Comité de Monitoramento Ministerial vai permanecer "in session", que é como quem diz, atento a todas as oscilações de mercado e podendo antecipar uma qualquer reunião, sendo que a próxima está prevista para os primeiros dias de Janeiro, para os "ajustes necessários", de acordo com a expressão utilizada por um membro do cartel.

Numa primeira, a Casa Branca pressionou até onde pode para um aumento de produção, a OPEP+ resistiu, mas depois veio a Omicron e o petróleo entrou numa queda abrupta, se pensarmos que na passada quinta-feira, por exemplo, estava a ser negociado a 86 dólares o barril... é fazer as contas.

Esta situação adensou a possibilidade de a OPEP+ recuar no que tinha a ver com o aumento gradual da produção, mas isso não aconteceu. Em resposta à imprevisibilidade dos mercados, a OPEP+ aposta na previsibilidade das suas medidas.

Os analistas consideram que a decisão da Arábia Saudita de não intervir para conter a queda de preço sugere que por detrás desta atitude há uma preocupação geopolítica numa altura em que Riade volta a aproximar-se de Washington. Ou seja, as previsões da OPEP vão no sentido de haver um excesso de oferta de petróleo nos mercados logo no início do ano, ainda assim, optam por continuar a aumentar a produção dando resposta positiva ao que o Presidente Biden tem pedido nas últimas semanas.

O West Texas Intermediate (WTI), a referência do petróleo dos Estados Unidos, passou pela mesma oscilação do brent, caiu primeiro para recuperar ligeiramente logo a seguir. Foi negociado a 66 dólares o barril - e tal como o brent com uma queda de 16 ponto percentuais relativamente à semana passada.

E evidente que a Omicron contaminou o debate da OPEP+ mas não o condiciounou.

"O súbito aparecimento de uma nova variante, potencialmente mais perigosa, surge no topo de novos bloqueios em alguns países da Europa com o objetivo de reverter um aumento dramático dos contágios, especialmente em populações não vacinadas", disse Diamantino Azevedo, ministro dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás, na sessão de abertura da reunião da OPEP, que decorreu ontem, quarta-feira, dia 01, em que ainda acrescentou: "nestes tempos de incerteza, é imperativo que (a Opep e seus aliados) permaneçam prudentes na abordagem e preparados para ser proativos conforme as condições do mercado o justifiquem."

Depois dos valores de Outubro, os mais elevados em sete anos, em Novembro iniciou uma queda dos preços do barril do petróleo que chega agora aos 20%, colocando o petróleo em bear market, no entanto, os analistas consideram que esta queda é excessiva e que será relativamente superada nos primeiros meses de 2022.

O UBS, o banco suíço, estima que os preços do barril do petróleo podem andar pelos 85 dólares no próximo ano. O Goldman Sachs e o Bank of America vão no mesmo sentido e estimam igualmente um preço médio de 85 dólares o barril em 2022, e se as viagens aéreas retomarem o seu ritmo quase normal, pode mesmo chegar aos 100 dólares. Claro que tudo isto depende, e muito, da evolução da pandemia, num tecto não mensurável de incerteza.