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Yuan com o valor mais baixo face ao dólar desde o início de 2008

PRESSIONADO PELAS TAXAS DE JURO NOS EUA

Cada unidade da moeda chinesa valia na abertura do mercado na 4ª-feira apenas 0,138 USD, uma queda de mais de 12% face a Janeiro de 2022.

Em primeiro é necessário esclarecer que a taxa de paridade do yuan, face ao dólar, baseia-se na média dos preços oferecidos antes da abertura do mercado interbancário e pode oscilar, no máximo, 2% por dia. Isto evita grandes oscilações diárias, mas vários dias consecutivos de queda podem resultar em mudanças significativas, como o que está a acontecer nas últimas semanas.

Este ano a moeda chinesa já desvalorizou mais de 12%, passando de 0,157 USD para os actuais 0,138 USD. Os especialistas dizem que o aumento das taxas de juros nos Estados Unidos pode estar na base desta queda, explicado pela opcção dos investidores em converter as suas poupanças na moeda americana na procura de obter maiores retornos financeiros, "encharcando" o mercado de yuans.

Se por um lado este fenómeno ajuda as exportações dos produtos chineses para os mercados internacionais, por outro, aumenta os custos de financiamento para as empresas chinesas, que precisam de mais investimentos para melhorar os índices de rentabilidade e impulsionarem o crescimento económico do País. Os dados do último semestre da economia chinesa mostram um crescimento de 2,2% do PIB, menos de metade da meta do governo para este ano, de 5,5%.

Para reforçar a taxa de câmbio, Pequim cortou a quantidade de depósitos em moeda estrangeira que os bancos chineses devem manter como reservas, de 8% para 6%, em meados de setembro. Ao aumentar a quantidade de dólares e outras moedas estrangeiras disponíveis para comprar yuans as autoridades visavam valorizar a moeda chinesa.

Mas é improvável que este corte nas reservas trave uma queda impulsionada por um dólar americano forte e pelas expectativas de mais aumentos das taxas de juros pela Reserva Federal. Este ano a instituição americana já subiu por cinco vezes a taxa de juro, justificado pelo combate à inflação. As autoridades chinesas já tinham confirmado que poderia existir aquilo que chamaram de "desvalorização competitiva" da sua moeda, mas não de uma forma tão rápida e tão acentuada.

É importante acrescentar que esta subida das taxas de juro nos Estados Unidos não está a ter apenas implicações no gigante asiático, também o Banco Central Europeu está preocupado com a fuga de capital que está a gerar nas principais economias europeias, com o euro também a cair na sua paridade com o dólar. Neste caso existem outros fenómenos que influenciam esta tendência, como impacto da guerra da Ucrânia na produção industrial com o aumento dos preços da energia e das matérias-primas.

A valorização do dólar no mercado cambial mundial torna a moeda americana como refúgio para os investidores, que nesta fase de turbulência ao nível do planeta estão menos propensos a dirigir os seus recursos para projectos produtivos, preferindo guardar o seu "dinheiro" em activos financeiros.