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Opinião

Angola e o campeonato da integração na Zona de Comércio Livre da SADC

CONVIDADO

Não há dúvida que a equipa de Angola precisa treinar mais se quiser fazer parte da primeira liga, consagrando-se assim como uma economia emergente e, se calhar, uma das soluções seria aumentar as horas de treinos e realizar mais jogos amistosos para medir a produtividade dos seus jogadores, seria uma boa opção.

Numa analogia competitiva, se o espaço regional no continente africano onde Angola está inserido fosse pensado e desenhado como um campeonato de futebol, haveria naturalmente os países da primeira liga e os países da segunda liga, isso sem desvalorizar os referidos países que representam economias activas na SADC, mas o traço comparativo seria exactamente esse, as economias! Quais das 16 economias do bloco comunitários são efectivamente competitivas? Sem que nos esqueçamos que o elemento mais determinante da competitividade das economias é, sem dúvida, a produtividade.

Rompendo a barreira do proteccionismo, a economia angolana prepara-se para entrar no campeonato da zona de livre comércio da SADC, isso é, sem dúvidas, assumir que a economia nacional encontra-se preparada para enfrentar as bem posicionadas África do Sul, Maurícias, Namíbia e Seychelles na disputa do título de melhor jogador - melhor desempenho económico.

Os diversos indicadores de competitividade económica imprimem resultados que representam a necessidade de Angola ter de redobrar os esforços, continuar a implementar as reformas estruturais com vista ao crescimento da produtividade e, consequentemente, tornar-se competitiva.

Não há dúvidas que as infraestruturas que foram surgindo nos últimos anos, com especial realce para o corredor do Lobito, o novo Aeroporto Internacional de Luanda, os investimentos turísticos que vão sendo feitos na região do Okavango e outros de grande impacto, podem somar pontos neste campeonato, em que a nossa posição, na primeira ou segunda liga, apenas será definida quando efectivamente as portas da zona de livre comércio estiverem abertas.

Apesar do World Economic Forum não ter publicado o Global Competitiveness Report em 2024, no último relatório completo que se conhece, o de 2019, Angola ocupou o último lugar na região, entre os países avaliados. Este ranking avaliou, entre 141 países, as seguintes economias da SADC, com as respectivas posições: África do Sul: Classificada em 60.º lugar. Maurícias: Classificada em 52.º lugar. Namíbia: Classificada em 94.º lugar. Botswana: Classificada em 91.º lugar. E Angola ocupou o 136.º lugar. Estes rankings reflectem a posição desses países em termos de competitividade global até 2019. Isso não é assim tão péssimo se acreditarmos que, desde 2019 até aqui, houve de facto melhorias estruturais que mudaram a posição que a economia angolana ocupa, nem que seja ainda de forma tímida.

Podemos ainda olhar para outro cenário apresentado por outro indicador do World Economic Forum, o Future of Growth Report , publicado em 2024. Este relatório avalia a qualidade do crescimento económico de 107 países, considerando 4 dimensões principais: Inovação, Inclusão, Sustentabilidade, Resiliência. Ou seja, as economias são classificadas com base nessas dimensões, identificando diferentes "ondas de crescimento" que reflectem os seus pontos fortes e desafios estruturais.

Diferente do outro, este relatório não oferece uma classificação única geral, mas faz observações interessantes sobre a economia nacional, de que se depreende que, embora Angola enfrente desafios significativos em áreas como inovação e inclusão, apresenta potencial de melhoria com investimentos estratégicos e reformas políticas que demonstra alguma resiliência para a sustentabilidade, o que lhe permite o enquadramento no grupo de países de lower middle/ média baixa, naturalmente não superando alguns do seus principais oponentes como o Botswana, Maurícias e África do Sul, todos classificados no grupo de Upper middle/média alta.

A economia angolana ainda assenta na exploração de recursos naturais, mas vai edificando reformas para alterar o quadro. A exploração do potencial turístico e agrário nacional poderá ser um agregador no crescimento económico dentro deste mercado regional livre, desde que o "mínimo do ideal" da qualidade das infraestruturas estejam acessíveis a serem utilizadas e exploradas comparativamente à dos seus pares regionais e juntos alcançarem o objectivo comum de se tornar um actor competitivo e eficaz nas relações internacionais e na economia mundial impulsionando o crescimento económico, aumentando as escolhas dos consumidores, atraindo investimentos e gerando oportunidades de emprego, em conformidade com os objectivos fundamentais do Tratado da SADC de redução da pobreza e melhoria dos padrões de vida em toda a região.

Não há dúvida que a equipa de Angola precisa treinar mais se quiser fazer parte da primeira liga, consagrando-se assim como uma economia emergente e, se calhar, uma das soluções seria aumentar as horas de treinos e realizar mais jogos amistosos para medir a produtividade dos seus jogadores, seria uma boa opção. Entretanto, o Instituto Nacional de Estatística (INE) divulgou os resultados dos Índices de Produção Industrial, Pessoal ao Serviço e Horas Trabalhadas do 1.º Trimestre de 2024, de acordo com o resultado provisório do Inquérito à Produção Industrial "IPI".

Leia o artigo integral na edição 832 do Expansão, de Sexta-feira, dia 27 de Junho de 2025, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)

*Lisa Neves | Imisi de Almeida Advogada Associada FBL | Advogado estagiário da Abreu Advogados

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