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Opinião

Eleições gerais (12)

EDITORIAL

Neste desafio eleitoral o MPLA viu um cartão amarelo carregado, quase vermelho. Perdeu quase um milhão de votos face a 2017, vai ter o mais curto grupo parlamentar da sua história, teve apenas um terço dos votos em Luanda, onde se concentra 40% da população e onde está a economia e as empresas, onde se marca o ritmo do País.

Isto depois de um início prometedor do mandato de João Lourenço, onde atingiu níveis de popularidade altíssimos no primeiro e segundo ano, de ter lidado muito bem com a Covid-19, de ter conseguido cumprir um programa com o FMI que deu ao País um salto na imagem internacional, de ter dados passos concretos na luta contra a corrupção, e de nesta fase final, ter conseguido estabilizar a moeda e de Angola e voltar a ter índices macroeconómicos muito interessantes.

Mas afinal o que é que falhou? Por muito que alguns tentem agora branquear o que se passou, garantindo que foi um excelente resultado, não, não foi! Se recuarmos apenas dois anos, o presidente João Lourenço tinha um capital de confiança que previa uma reeleição sem grandes problemas. Mas não! Foi à justa e com perspectivas nas últimas semanas que apontavam para a possibilidade de derrota. Afinal que é que se passou nestes dois anos, que estratégia foi escolhida e o que afastou o presidente dos angolanos? Isso teve mais a ver com o presidente ou com o MPLA?

Às vezes pode parecer a mesma coisa, mas não é, até porque este líder só tem quatro anos e pouco de presidência de partido, uma vez que nos primeiros meses ainda partilhou a cadeira com o anterior. Aliás, a lufada de ar fresco dos dois primeiros anos de mandato, até chegar a Covid-19, tiveram muito mais a ver com a pessoa do que com o partido.

E é minha opinião, modesta claro, que quem segura esta pequena vitória é o presidente e não o partido. Porque os dirigentes do MPLA não perderam as práticas do passado, a soberba com que se relacionam com os cidadãos, a forma como nos tratam a todos que não estão inscritos no seu clube, olhando para a população no seu geral, como uma cambada de incultos e gente menor que não tem ideias e valor.

Por isso é desafio está aí agora. Um mandato para João Lourenço acabar os projectos e poder ficar na história como um reformador, alguém que mudou o País, que deu melhores condições de vida à sua população, que voltou a colocar Angola no trilho do desenvolvimento económico, que promoveu a igualdade de oportunidades e a meritocracia, que estancou a fuga de quadros, que juntou os melhores à sua volta e não apenas aqueles que estão dispostos a bajular indefinidamente, ou então, não!!

O momento é de olhar para a frente, mas como já escrevi muitas vezes, é difícil fazer ventos novos com ventoinhas velhas. Num mandato em que João Lourenço não tem a necessidade de olhar para a sua reeleição, que não tem que contar ou "aturar" os que pensam a outra velocidade dentro da sua estrutura partidária, vai ter oportunidade de revelar efectivamente ao que veio. Se para mudar o País, ou apenas para garantir a continuidade dos que vêm atrás.

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