O circo pegou fogo
Nesta decisão de colocar ou não bombeiros e meios no terreno, o novo chefe da companhia recebeu o cargo com esta enorme calamidade, o que não deve ser nada agradável, mas pela experiência passada, certamente que tem a noção exacta da intensidade que este fogo pode atingir. Em abono da verdade, não se pode dizer que tenha contribuído significativamente para esta "desgraça", mas sabia que ia acontecer.
O circo está a arder e assistem-se a diferentes comportamentos. Um dos principais actores, e por acréscimo responsável, desatou a dar entrevistas, falou a um jornal português, a outro angolano e ainda esteve num conhecido programa de televisão. A culpa não é dele, defende, até porque o que está a arder não é no seu território, embora grande parte dos envolvidos acredite que a origem do fogo está exactamente na sua propriedade, uma vez que as zonas estão ligadas. Contrariamente a uma postura passada, agora já tem opinião sobre a forma como nos deveríamos ter preparado para esta eventualidade, que pelos vistos deveria ser diferente daquela que ele próprio defendia em semanas anteriores.
Outra das figuras principais da companhia, como sempre tem acontecido em situações de maior aperto, optou pelo silêncio. Olhar de fora para perceber sem juntar mais gasóleo ao fogo, tentando perceber que quantidade de água tem disponível para todas as solicitações que se acumulam na porta do seu escritório e se, na verdade, vale a pena disponibilizar toda ou uma boa parte para apagar este fogo.
Nesta decisão de colocar ou não bombeiros e meios no terreno, o novo chefe da companhia recebeu o cargo com esta enorme calamidade, o que não deve ser nada agradável, mas pela experiência passada, certamente que tem a noção exacta da intensidade que este fogo pode atingir. Em abono da verdade, não se pode dizer que tenha contribuído significativamente para esta "desgraça", mas sabia que ia acontecer.
Já o "comandante do quartel" pediu publicamente aos seus homens que arranjem soluções para apagar rapidamente o fogo, fez algumas alterações na estrutura, dizem que vai haver mais nos próximos dias, mas certamente que já sente o calor no seu gabinete. Mas tem também de cortar rapidamente naquelas despesas inúteis e sem sentido, que servem de combustível a este fogo. E tem a responsabilidade de assegurar com o seu discurso que alguma confiança se mantenha, e que os participantes do show, sejam eles nacionais ou estrangeiros, não fujam rapidamente com os seus meios e disponibilidades para companhias nos territórios vizinhos.
E depois há os outros que ainda não viram o fogo. Acham mesmo que este é uma invenção dos seus adversários, que é apenas fumo lançado por uns quantos que querem tomar conta da companhia. Estes são mais perigosos porque arrastam outros para o meio do fogo e, na verdade, já têm os meios preparados para saírem no caso de muito calor.
Aos restantes, aos cidadãos normais, só resta preparam-se para fazer mais sacrifícios, aprenderem a viver com o fogo, adaptarem-se à quentura, na esperança que este se apague. Por si ou por acção daqueles que realmente têm condições para o fazer. Mas temos todos de fazer mais para que estes fogos não se repitam de forma cíclica.