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Opinião

Kwanza forte é presente de grego!

Fernandes Wanda

Deve aproveitar-se esse breve fortalecimento do Kwanza para dinamizar a importação de bens de capital. Quem governa tem nesta altura uma oportunidade singular de alavancar o sector produtivo

Nos últimos dias do ano de 2021 fez destaque a notícia da Bloomberg( 1) segundo a qual a moeda nacional, o Kwanza, havia tido o seu melhor desempenho desde 1999 face ao dólar norte-americano, ao valorizar-se em 15%.

Esta notícia foi retomada de imediato pelos principais órgãos de informação em Angola. Mas, afinal, será que esta notícia é mesmo uma "boa notícia" para Angola e os angolanos? Que implicações essa apreciação do Kwanza pode ter para o desempenho da economia em 2022? Estas são algumas das questões que trazemos hoje para reflexão, especialmente por ser essa a primeira edição do ano do Expansão.

É um facto que a economia angolana depende muito das importações. Uma vez que o Kwanza não é aceite fora de Angola, para que os agentes económicos baseados no País possam adquirir bens e serviços do exterior, necessitam de ter acesso a algumas das moedas estrangeiras transaccionadas no nosso mercado. Falamos do dólar norte-americano, mas poderíamos incluir o Euro ou até mesmo o Rand sul africano. Quando o Kwanza se desvaloriza face a essas moedas estrangeiras (para facilitar a nossa análise vamos fazer mais referência ao dólar) significa dizer que os agentes económicos precisam de muito mais Kwanzas para importarem bens e serviços e, por efeito de arrasto, esse encarecimento do acesso a moeda estrangeira (o dólar) acaba por ter um impacto no aumento geral de preços em Angola.

Assim sendo, a notícia de que o Kwanza valorizou-se veio dar uma ideia de que os preços poderão baixar já que, agora, os agentes económicos gastam menos para importarem os bens e serviços de que necessitam. Os dados do INE mostram que a classe de bens alimentares e bebidas não alcoólicas tem contribuído muito para o aumento geral de preços. Olhando para os dados sobre a importação por categoria de produtos do BNA (ver tabela 1) notamos que, desde 2017, tem havido uma redução na importação de bens alimentares e de máquinas que poderiam estar ao serviço do sector produtivo.

Analisando igualmente os dados que o BNA produz sobre a classificação económica das importações vemos que a importação de bens de capital tem estado a cair desde 2018.

(Leia o artigo integral na edição 656 do Expansão, de sexta-feira, dia 7 de Janeiro de 2022, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)