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Universidade

Angola abaixo do esperado na investigação em ciências da saúde

ESTUDO SOBRE O MAPEAMENTO DA INVESTIGAÇÃO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE NOS PALOPS

Apesar de o País não atingir a "meta", o estudo revela que Angola tem registado um crescimento constante na produção e institucionalização da investigação. A Universidade Agostinho Neto (98%) e o Ministério da Saúde (97%) são as instituições com mais estudos publicados no sector da saúde.

O País está com uma actuação científica abaixo do esperado nas ciências da saúde, de acordo com o estudo sobre o Mapeamento da Investigação em Ciências da Saúde (MAPIS), que analisa a actividade de investigação nos PALOPs, através da identificação de publicações científicas publicadas entre 2008 e 2020 em revistas internacionais reconhecidas, com a participação de investigadores afiliados a instituições destes países.

Em Angola, há uma forte especialização (15% de sua produção total) em pesquisa relacionada à malária. As províncias de Luanda, Huambo, Bengo, Malanje, Uige e Cabinda são os principais locais de investigação em ciências da saúde. Na lista das principais instituições de investigação, está a Universidade Agostinho Neto com 98% de publicação, seguido do Ministério da Saúde com 97%, Centro de Investigação em Saúde de Angola 67%, Hospital Pediátrico David Bernardino 55%, Clínica Girassol 27%, entre outras.

Apesar de Angola ter essa classificação, o estudo admite que o País tem registado um crescimento na produção e institucionalização da investigação ao longo dos últimos anos. "A realização das actividades de investigação a nível local constitui uma oportunidade importante, não só em termos de adequação dos resultados da investigação ao contexto local, mas também no que se refere ao desenvolvimento de capacidades e redes e ao envolvimento e interacção entre diferentes actores no sector da saúde".

Quanto aos resultados dos PALOPs, o estudo refere que há um aumento significativo na investigação em ciências da saúde nos cinco países, em especial durante a última década. Mas existe a necessidade de reforçar a liderança local da investigação. Entre este grupo de países, Moçambique e a Guiné-Bissau são os que têm maior capacidade para liderar investigação. O estudo encomendado pela Fundação Calouste Gulbenkian revela ainda que as áreas mais prolíficas em todos os PALOPs são a malária, VIH, mortalidade materna, tuberculose e sarampo, que tendem a ser alinhadas com as áreas em que estes países têm uma incidência de doença mais elevada em relação à média mundial, como a malária para o caso de Angola ou o sarampo e VIH para a Guiné-Bissau.

Em termos de colaboração, o estudo aponta que os padrões de colaboração das instituições nos PALOP são diferentes, dependendo de cada um dos países. Moçambique, por exemplo, tende a colaborar mais com os EUA e parceiros espanhóis, Angola, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe com parceiros portugueses e a Guiné-Bissau com parceiros dinamarqueses. Mas existe pouca colaboração de investigação intra-PALOP.

Quanto ao financiamento, o estudo revela que existe um número significativo de agências de financiamento de diferentes sectores de actividade, incluindo agências de financiamento da investigação, organizações filantrópicas ou agências públicas do sector da saúde.

Mas é Moçambique que tem sido cada vez mais bem-sucedido na obtenção de financiamento externo e na liderança de propostas internacionais de investigação. "Verificamos que mais de 90% das suas pesquisas é feita em colaboração internacional e dessas colaborações menos 25% têm um autor correspondente de um determinado país PALOP. A dependência de colaboração estrangeira é maior em São Tomé e Príncipe (93%), Cabo Verde (86%) e Angola (85%)".

O estudo recomenda que devem ser desenvolvidas iniciativas para desenvolver estruturas de carreiras de investigação, complementadas com apoio à mobilidade internacional de curto prazo para formação avançada, uma revisão dos procedimentos que dificultam o processo de investigação, cursos de formação de apoio à escrita científica, redacção de propostas (com ênfase para a redacção em inglês) ou gestão da investigação para melhorar as capacidades de sucesso dos pedidos de financiamento externo e a formação do pessoal local e os procedimentos para apoiar o reforço dos Science Granting Councils (SGC) e das estatísticas de I&D deveriam ser promovidos, entre outras.