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"Investir em filmes pode diversificar uma carteira de investimentos

FEMI ODUGBEMI

Vai estar em Angola de 23 a 26 de Agosto para ministrar duas masterclass ligadas à realização e apresentação de filmes. Está entusiasmado por estar de volta ao País, onde já tem amigos, e defende um investimento mais assertivo para desenvolver o sector audiovisual.

Vai chegar a Angola na próxima semana. O que vão os angolanos aprender consigo?

Sinto-me entusiasmado por apresentar duas masterclass sobre realização de filmes visuais e apresentação de projectos cinematográficos. Vamos explorar como as imagens visuais no cinema têm o poder de criar e estabelecer a dinâmica dos personagens e comunicar subtextos. Através da linguagem visual, os realizadores conseguem moldar a percepção do público, aumentar a tensão, transmitir temas e, em última instância, enriquecer a experiência cinematográfica global.

Ainda se lembra da primeira história que contou através da lente de uma câmara?

Certamente. Era uma curta-metragem intitulada "Bar, Beach, Blues"! Tratava-se de uma sátira política com cerca de sete personagens, ambientada numa extensa área de uma praia do Oceano Atlântico em Lagos, Nigéria. Tentei fazer muito com uma narrativa com tantos subtextos que me faz rir até hoje quando penso nela. Foi uma experiência emocionante e também uma excelente oportunidade de aprendizagem.

Qual é a sensação de poder contar histórias através de imagens, considerando que no passado a comunicação em África era principalmente oral?

O grande poder narrativo do cinema reside na exposição visual que proporciona. Como se costuma dizer, "uma imagem vale mais do que mil palavras". Contar uma história através de imagens é imersivo, envolve os sentidos e proporciona uma experiência única. Além disso, podemos transmitir mais ao mostrar o mundo as nossas personagens em vez de apenas descrevê-las. O cinema dá ainda mais vida às nossas histórias ao aproveitar as capacidades de exposição visual e de explorar nuances da imaginação, simbolismo e camadas narrativas possíveis numa única imagem enquadrada.

Na sua opinião, qual é a importância de investir em conteúdos cinematográficos?

O investimento em filmes pode trazer diversos benefícios e oportunidades, embora também envolva riscos. Os filmes de sucesso têm o potencial de gerar lucros substanciais através das receitas de bilheteira, direitos de streaming, acordos de distribuição e vendas internacionais. Um filme bem recebido pode proporcionar um retorno considerável do investimento. Investir em filmes pode diversificar uma carteira de investimentos, oferecendo uma classe de activos alternativa que não está directamente ligada aos mercados financeiros convencionais.

Quem deve investir no cinema?

Para mim, os melhores investidores em cinema são aqueles apaixonados pela criatividade - investidores que têm paixão por contar histórias, pelo cinema e pelas artes criativas - especialmente quando escolhem apoiar projectos alinhados com os seus interesses. O impacto cultural dos filmes é a principal motivação para investidores, governos, cineastas e público. Os filmes têm o poder de influenciar a cultura, sensibilizar para questões importantes e contribuir para a transformação da sociedade. Trata-se de preservar as nossas histórias e promover a nossa identidade cultural a nível global. O cinema é, simplesmente, uma prática cultural vital, especialmente nos tempos pós-coloniais.

Como ex-diretor da Multichoice Talent Factory Academy (MTFA), qual é a sensação de interagir com pessoas cuja paixão pelo cinema se assemelha à sua?

Valorizo todas as oportunidades de interagir com contadores de histórias e cineastas, e estou entusiasmado por regressar a Angola e encontrar colegas da indústria e velhos amigos. Para alguém como eu, que partilha uma paixão pelo cinema, a interacção com profissionais que partilham a mesma paixão pode ser muito gratificante e enriquecedora.

Pode dar uma ideia do progresso dos alunos, tendo em conta o seu papel de director num projecto como o MTFA?

Estamos todos muito orgulhosos do progresso profissional e da qualidade do trabalho realizado por muitos ex-alunos da MTFA em todo o continente. Muitos deles estão a criar empresas de produção que não estão apenas a desenvolver óptimos guiões e filmes, mas também têm um impacto económico na indústria, gerando empregos e estruturas de suporte.

Os seus alunos já criaram algum negócio?

Sim. A "Albantsho", uma plataforma digital de marketing de roteiros, aclamada pela crítica, foi criada por ex-alunos da MTFA na Nigéria e no Gana. Um grupo diferente de ex-alunos lançou uma aplicação de gestão de produção que oferece opções de localização, elenco e equipa. Assim, os resultados do substancial investimento da Multichoice em construir e capacitar a próxima geração de contadores de histórias africanas já estão a trazer resultados, e todos devemos estar entusiasmados com o futuro do cinema africano.

Leia o artigo integral na edição 738 do Expansão, de sexta-feira, dia 18 de Agosto de 2023, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)

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