Banco Mundial estima em 75 milhões USD o custo de resposta a desastres
O diagnóstico sobre Proteção Financeira contra Desastres no País feito pelo Banco Mundial aponta a seca como o maior perigo para as populações, afectando 9,5 milhões de pessoas em 13 anos, originando perdas económicas de 2,5 mil milhões USD. No entanto, estes números podem ser maiores, alerta o BM.
O Banco Mundial (BM) estima que o custo de resposta aos desastres no País seja de 75 milhões por ano. No entanto este valor pode ainda ser maior já que esta instituição considera este montande conservador devido a escassos meios de recolha de dados.
Estes dados constam num estudo sobre Proteção Financeira contra Desastres (PFD) em Angola apresentado quarta-feira 21, em Luanda, uma promoção do BM em parceria com o Ministério das Finanças e o Ministério do Interior.
O documento estima ainda que estes custos podem atingir 600 milhões USD em eventos severos, numa perspectiva temporal de um a 50 anos.
O BM no seu estudo avança também que as secas provocaram ao País perdas e danos de 1,2 mil milhões USD entre 2005 e 2017 e apontou a seca como o perigo mais severo para as populações, efectando directamente 1,9 milhões de pessoas todos os anos, qualquer coisa como 7,5% da população que vive em Angola.
As inundações, são as ameaças mais frequentes no perfil de risco do País, mas afectam menos pessoas. Ou seja, anualmente 25 mil pessoas vão apanhadas pelas inundações que ocorrem em todo o território nacional devido a vários factores. A lista das ameaças relevantes no perfil de risco em Angola é reforçada com os incêndios florestais e as ravinas.
Situações que fizeram disparar os custos da resposta a desastres em Angola entre 2005 e 2017. De acordo com o estudo do Banco Mundial, nestes 13 anos os custos foram elevados e atingiram os 3 mil milhões USD. Deste montante, a principal perda económica foi com as secas no valor de 2,5 mil milhões USD, e 9,5 milhões de pessoas afectadas em 10 eventos registos e 58 mortes, com destaque para a região sul do País.
As inundações provocaram perdas de 500 milhões USD e provocaram a morte de 835 pessoas em 100 eventos identificados pelo estudo. No entanto, estes números gerais do diagnóstico apresentado em Luanda não reflectem a realidade porque "os dados sobre a ocorrência e o impacto dos desastres são escassos porque as infra-estruturas de recolha e gestão de dados são limitadas. Logo, os impactos reais podem ser ainda mais elevados", garante o Banco Mundial.
O estudo agora apresentado avança que os custos da resposta a desastres são financiados principalmente pelo Governo, e sendo a economia angolana dependente do petróleo a volatilidade nas receitas pressiona os gastos com a gestão de riscos de desastres. Isto fez com que os gastos público com intervenções pós-desastres diminuam significativamente desde 2015, em comparação com os anos anteriores, apesar do número semelhante de eventos e de pessoas afectadas.
Numa altura em que as alterações ambientais são uma realidade no mundo, incluíndo Angola, as perdas e os danos causados por choques climáticos devem aumentar, esperam os técnicos que elaboraram o diagnóstico sobre Proteção Financeira contra Desastres em Angola, aumentado assim a probreza nas comunidades e a insegurança alimentar.
Neste capítulo, o Banco Mundial estima que no País 32% da população (9,5 millões de pessoas) vivem abaixo da linha nacional de pobreza. Cerca de 2 terços em zonas rurais e 1 terço em zonas urbanas. Outras 5,8 milhões de pessoas estão em risco de pobreza, isto é, acima da linha de pobreza mas correndo o risco de cair abaixo por causa de algum choque. E destes, 1,5 milhões estão em risco de pobreza por causa de variáveis como desastres ou choques de preços.
Quanto à insegurança alimentar, mais de metade dos agregados familiares reportaram ter enfrentado situação de insuficiência alimentar no últimos 12 meses, no Inquérito Sobre Despesas, Receitas e Emprego, realizado pelo Instituto Nacional de Estatística. Tendo as secas como a principal causa de insegurança alimentar já que na áreas rurais quase 90% da população depende da agricultura de subsistência.
Os choques climáticos também afectam as Micro, Pequenas e Medias Empresas(MPME). E aqui o estudo do Banco Mundial considera que estas unidades têm pouca capacidade financeira para lidar com a situação, porque "estão concentradas na economia informal e são altamente vulneráveis a fenómenos extremos, como desastres e pandemias"
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