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Angola

Fundo Soberano investe 57 milhões EUR em complexo industrial farmacêutico

EM SEIS ANOS DO PROGRAMA DE PRIVATIZAÇÕES

Terá como sócio o empresário português Nuno Andrade, que vai "entrar" com 23 milhões EUR, um investimento feito através da empresa angolana VitalFlow. As obras começaram na segunda-feira e os primeiros produtos farmacêuticos poderão entrar no mercado em pouco mais de 18 meses com a conclusão da fase 1.

Está a nascer o primeiro complexo industrial farmacêutico na Zona Económica Especial (ZEE), que resulta de uma parceira entre o Fundo Soberano de Angola (FSA) e o empresário português Nuno Andrade, CEO da Medika e da Gazcorp, empresas lusas do ramo da saúde, especializadas em soluções tecnológicas e produção de gases medicinais e industriais.

O projecto, cuja obra teve arranque nesta semana (no dia 2 de Março) vai custar 80 milhões de EUR, equivalente a 76 mil milhões Kz, só na primeira fase do complexo, já que ambiciona ser um projecto evolutivo, contemplando outras três fases.

O Fundo Soberano de Angola (FSA) entrou com 57 milhões EUR, mais de 71% do capital para a implementação da fase inicial do projecto. O empresário português Nuno Andrade participa, a título pessoal, com os restantes 23 milhões EUR, que foram investidos através da empresa angolana VitalFlow, que é a responsável do projecto e vai dar a cara e nome ao complexo industrial farmacêutico.

Segundo o cronograma do projecto, as obras da primeira fase vão decorrer durante um ano e meio, ou seja, os primeiros medicamentos produzidos no complexo poderão estar no mercado entre Agosto e Setembro de 2026, se tudo correr como programado. Os recursos financeiros já disponíveis vão cobrir apenas as obras da fase 1, que contempla quatro linhas de produção a serem implantadas numa área de 17 mil m_. A fase dois engloba mais duas linhas, sendo que a terceira e quarta fase vão adicionar mais duas linhas, respectivamente.

O crescimento por fases vai permitir que as linhas sejam dedicadas e separadas. "Não podemos ter várias linhas de produção dentro do mesmo edifício, para cumprir com os normativos internacionais exigidos na produção de medicamentos", explicou Nuno Andrade, no lançamento da primeira pedra do projecto. Entretanto, o cronograma não aponta datas para o arranque de outras etapas do projecto, deixando tudo em aberto e um pouco a mercê do sucesso da fase de arranque. Mas sabe-se que no global, as quatro fases do projecto vão ser implementado numa área de 60 mil metros quadrados.

De acordo com Nuno Andrade, a fábrica vai ter a capacidade para produzir 1,7 mil milhões de comprimidos anualmente em forma de pastilha ou cápsula, uma média de mais 4,5 milhões de comprimidos por dia. O complexo também vai produzir anualmente 50 milhões de recipientes para medicamentos injectáveis, 17,5 milhões de litros soro, assim como 4.745 toneladas de gases como oxigénio e azoto para fins medicinais e industriais. Numa produção que avançará inicialmente com dois turnos de trabalho, que mais tarde (quando o projecto estiver concluído na totalidade) se estenderá para três. O Complexo da empresa VitalFlow e FSA prevê criar 160 postos de trabalhado, dos quais 10 estrangeiros (portugueses). Tendo em conta a falta de recursos humanos especializados, a empresa vai criar um centro de formação para capacitar os funcionários continuamente. De acordo com Nuno Andrade, em paralelo à área da fábrica vai ser construída uma estação própria para tratamento de água, um auditório, um refeitório, um ginásio, um consultório médico com capacidade de a realizar ecografias e electrocardiogramas e outros equipamentos de apoio aos trabalhadores.

O complexo está a ser erguido com o propósito de ajudar a combater algumas das principais doenças em Angola, nomeadamente o paludismo, a desnutrição e o parasitismo, a tuberculose e as doenças cardíacas, segundo o empresário. O Complexo Farmacêutico da VitalFlow vai ter a primeira fábrica de Angola de soro hospitalar e aumentar a capacidade nacional de produção de medicamentos, o que vai permitir a redução da dependência do País face ao mercado estrangeiro, já que, neste momento, uns 99% dos produtos de saúde angolanos são importados", disse Nuno Andrade, quando apresentava o projecto.

Dependência extrema à importação

O mercado angolano de produtos farmacêutico e dispositivos médicos é extremamente dependente da importação, nomeadamente de países como China, Índia e Portugal. Apesar de nem sempre os produtos serem de primeira qualidade, trata-se de um negócio próspero "comandado" por mais de 230 importadores, que em média anual fazem entrar no País mais de 210 milhões USD em medicamentos, ver gráfico.

Embora a pretensão de produção local dos produtos farmacêuticos primários básicos já ter mais de 15 anos (definido na Política Farmacêutica Nacional, através do decreto Presidencial 180/10), a verdade é que até a data não houve uma medida concreta em direcção a este objectivo.

Leia o artigo integral na edição 816 do Expansão, de sexta-feira, dia 07 de Março de 2025, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)

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