Saltar para conteúdo da página

Logo Jornal EXPANSÃO

EXPANSÃO - Página Inicial

Angola

Buraco de 1.150 milhões USD nos primeiros nove meses do ano

EXECUÇÃO DO OGE 2023 ATÉ SETEMBRO

As dificuldades em obter financiamentos internos e externos comprometeu a execução do OGE. O Governo foi obrigado a cortar despesa e os cortes chegaram, sobretudo, ao Sector Social e aos Assuntos Económicos. Só a Defesa e Segurança não sofreu cortes e deverá ver, novamente, uma execução acima do previsto.

Até ao final do III trimestre entraram nos cofres públicos 9,5 biliões Kz em receitas e saíram 10,4 biliões, o que representa um défice de 10% entre a receita e a despesa, de acordo com cálculos do Expansão com base nos relatórios de execução orçamental dos I, II e III trimestre de 2023. Contas feitas, há um buraco de 950,5 mil milhões Kz, equivalente a quase 1.150 milhões USD, entre a receita e a despesa.

Estes números comprometem o que o Governo previu no relatório de fundamentação do OGE 2023, já que apontava a um superavit global de 0,9% do PIB este ano, equivalente a 559,8 mil milhões Kz. Só que a dureza dos números comprova que não será possível de cumprir e o Executivo, na revisão ao quadro macroeconómico de 2023, que consta na proposta de OGE 2024, agora aponta a um défice global de 0,08% do PIB, equivalente a 50,5 mil milhões Kz.

O problema é que o buraco de 950,5 mil milhões Kz é equivalente a 1,5% do PIB nominal em 2023 que o Governo também reviu na proposta de OGE do próximo ano, para 63,1 biliões Kz e face ao que ainda teremos de pagar em serviço da dívida até ao final do ano, será quase missão impossível que o défice "bata" nos números do Governo. Pior mesmo só em ano de pandemia, em 2020, quando o saldo global foi de -1,96% do PIB, e em que o barril de petróleo valia quatro vezes menos do que os cerca de 80 USD a que é vendido hoje.

E a "culpa" desta derrapagem é, sobretudo, da dificuldade do Governo em financiar-se nos mercados. Nos primeiros nove meses do ano, o Executivo captou apenas 1,1 biliões Kz em financiamentos, equivalente a 17% dos 6,6 biliões Kz previstos no Orçamento Geral do Estado de 2023, valor que por sua vez representa 11% do total que o Governo prevê captar em empréstimos para financiar o OGE do próximo ano, de acordo com cálculos do Expansão com base nos relatórios de execução orçamental dos I, II e III trimestre de 2023.

O combate à inflação nas principais economias mundiais levou os bancos centrais a aumentarem as taxas de juro de referência, o que acabou por afastar Angola dos mercados financeiros. Só para este ano, o Governo previa captar pouco mais de 6,2 biliões Kz em financiamentos, em que quase 3,1 biliões seriam obtidos no mercado interno e os restantes 3,5 biliões nos mercados externos, de acordo com o OGE 2023.

Estava prevista uma nova emissão de eurobonds este ano, ou seja dívida titulada em moeda europeia, que, entretanto, acabou por ser afastada devido à alta dos juros. Assim, em termos de financiamentos externos, entre Janeiro e Setembro Angola captou apenas 417,5 mil milhões Kz, equivalente a 11,8% do total previsto para o ano. Mas se a nível externo está difícil, a tendência mantém-se também a nível interno. Para 2023 estavam previstos quase 3,1 biliões Kz em financiamentos internos, basicamente a colocação de títulos de dívida pública, mas nos primeiros nove meses do ano apenas conseguiram colocar 23,6% desse valor, equivalente a 729,6 mil milhões.

Contas feitas, em financiamentos apenas foram conseguidos 17,3% do valor previsto para todo o ano, o que acabou por obrigar o Governo a cativar despesa para evitar uma derrapagem orçamental que, de acordo com o que o secretário de Estado para as Finanças e Tesouro, Ottoniel dos Santos, avançou em Julho, poderia chegar aos 7,4 biliões Kz até final do ano.

Apesar de não ter revelado as razões, olhando para a execução do OGE 2023 até ao fim do III trimestre é fácil perceber que se deve, precisamente, às dificuldades em obter financiamentos, até porque, apesar das paragens em alguns blocos petrolíferos para manutenções, programadas e não programadas, as receitas fiscais petrolíferas, que são o principal "ganha-pão" do Ministério das Finanças, a arrecadação destas receitas não está muito longe do que estava previsto. Entre Janeiro e Setembro, as receitas fiscais com a exportação de petróleo renderam 4,8 biliões Kz, equivalente a 66,7% dos quase 7,2 biliões previstos para todo o ano. Por exemplo, caso a arrecadação destas receitas fosse de 75% (25% por trimestre), entre Janeiro e Setembro, o valor arrecadado seria de 5,4 biliões Kz, equivalente a mais 600 mil Kz do que os efectivamente arrecadados neste período.

Leia o artigo integral na edição 752 do Expansão, de sexta-feira, dia 24 de Novembro de 2023, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)

Logo Jornal EXPANSÃO Newsletter gratuita
Edição da Semana

Receba diariamente por email as principais notícias de Angola e do Mundo