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BNA vendeu aos bancos comerciais 423,3 milhões USD e 48,8 milhões EUR

BALANÇO ATÉ 17 DE DEZEMBRO

Com base nos dados apresentados, o Banco Nacional de Angola vendeu, ao longo deste ano, um total de 423,3 milhões de dólares norte-americanos e 48,8 milhões de euros, num enquadramento macroeconómico marcado por forte pressão cambial

A distribuição mensal das vendas em dólares evidencia uma actuação claramente concentrada no segundo semestre. Dos 423,3 milhões USD colocados no mercado, cerca de 92% foram vendidos entre Julho e Dezembro, com destaque para Agosto (148,9 milhões USD), Dezembro (88,5 milhões USD), Outubro (86,2 milhões USD) e Julho (61,1 milhões USD). Só estes quatro meses absorveram aproximadamente 384 milhões USD, revelando uma política de intervenção pontual, activada sobretudo em períodos de maior tensão sobre a procura cambial.

No primeiro semestre, a actuação do BNA foi praticamente inexistente em dólares, limitada a 17,5 milhões USD em Janeiro, o que coincide com um período em que, segundo dados do próprio banco central, as reservas internacionais líquidas (RIL) continuavam uma trajectória descendente.

As vendas em euros foram ainda mais limitadas. O total de 48,8 milhões EUR representa apenas cerca de 11,5% do volume vendido em dólares, confirmando o papel residual desta moeda na estratégia cambial. As intervenções concentraram-se em Março (21,0 milhões EUR), Abril (19,0 milhões EUR) e Julho (8,8 milhões EUR), não se registando qualquer venda em euros na segunda metade do ano. Este comportamento está alinhado com a estrutura do comércio externo angolano, em que mais de 90% das exportações e uma parte significativa das importações continuam denominadas em dólares.

Do ponto de vista macroeconómico, estes valores contrastam com as necessidades efectivas da economia. As importações anuais de bens e serviços de Angola superam os 20 mil milhões USD, enquanto o sistema bancário tem reportado níveis de satisfação da procura de divisas frequentemente abaixo de 60%, segundo dados estatísticos divulgados em relatórios anteriores do sector.

Acresce que o sector petrolífero, responsável por mais de 90% das exportações e cerca de um terço das receitas fiscais, tem registado uma tendência de queda na produção, limitando a entrada de moeda estrangeira. Apesar deste contexto, a taxa de câmbio manteve-se relativamente estável ao longo do período, no entanto foi alcançada através de um racionamento severo das divisas, penalizando empresas importadoras, atrasando pagamentos externos e pressionando custos de produção.

Em síntese, os dados confirmam um padrão já recorrente: intervenções cambiais irregulares, concentradas e insuficientes face às necessidades da economia. Num cenário de receitas petrolíferas mais baixas, reservas limitadas e elevado grau de dependência das importações, a política de vendas de divisas do BNA continua a ser um dos principais factores de estrangulamento da actividade económica e um dos maiores desafios à sustentabilidade do actual regime cambial.

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