Mais 3,5 milhões de angolanos em pobreza extrema desde 2018
Fragilidades macroeconómicas e questões sociais como economia desigual, elevada percentagem de empregos informais e elevadas taxas de fertilidade são apontadas como alguns dos factores que levam os angolanos à pobreza extrema. A saída, segundo especialistas, requer maior investimento em sectores de trabalho intensivo.
O número de angolanos em pobreza extrema aumentou quase 3,5 milhões entre 2018 e o final de 2023, de acordo com cálculos do Expansão com base num relatório do Banco Mundial (BM) sobre as perspectivas da macro pobreza na África Subsariana, divulgado recentemente, e que coloca Angola no 19.º lugar do ranking dos países com as mais altas taxas de pobreza extrema na região. Os números acabam por evidenciar aquilo que é hoje visível nas artérias da capital do País, em que os contentores do lixo são cada vez mais o recurso para matar a fome.
O limiar da pobreza é uma medida que o BM usa para rastrear e monitorar a pobreza extrema a nível do globo e que está fixada em 2,15 USD para despesas básicas como alimentação, saúde e habitação. De acordo com o relatório do Banco Mundial, 31,1% da população angolana estava abaixo da linha que separa a pobreza extrema da pobreza em 2018, o que equivalia a cerca de 9,7 milhões de pessoas, num total de 28,2 milhões. Cinco anos depois, em 2023, dos 36,7 milhões de angolanos, 35,9%, equivalentes a 13,2 milhões, estavam em situação de pobreza extrema.
Esta é a principal consequência do abrandamento da economia verificado depois de 2014, que quebrou o boom económico sustentado pelo petróleo na primeira década do século. Segundo o relatório, entre 2015 e 2023 o PIB real registou uma "contracção média anual de 0,5% e o PIB real per capita caiu para perto do seu nível de 2004". Este afundanço da economia aconteceu ao mesmo tempo que o número da população aumentava a uma média anual de 3,1%.
Quando a população cresce acima da economia, significa que um País está a criar mais pobres, já que a economia não está a conseguir criar empregos para acomodar o número de pessoas que todos os anos entram em idade activa para trabalhar.
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