O código dos benefícios fiscais traz, no seu art.º 14, ponto II, referente à criação de emprego, que os benefícios são em dobro quando o posto de trabalho criado for ocupado por uma mulher. De acordo com a advogada Ana Paula Godinho, optou-se "por uma discriminação política". "Na verdade é muito mais difícil dar emprego a uma mulher, por todos os factores que conhecemos. Ainda agora, neste tempo de pandemia se criou um regime especial de protecção às mães com filhos até aos 12 anos, que podiam ficar em casa em teletrabalho, e na verdade esta condição acaba por influenciar os empresários", sublinha.

A jurista entende o espírito do legislador. "Há que motivar as empresas a empregarem mulheres, basta ver a nossa realidade, sem nunca nos esquecer que é de empregos formais que estamos a tratar, onde os homens são maioritários. Penso que esta medida pode motivar os empresários a darem mais oportunidades às mulheres", justifica.

O economista Heitor de Carvalho tem uma posição diferente. "Não estou a ver um grande impacto desta medida em termos económicos e sociais. Mas, tendo em atenção o que é o nosso mercado emprego formal, onde existem muito mais homens que mulheres, pode entender-se. Procura melhorar-se a questão da igualdade do género, mas é apenas isso. Do ponto de vista macro, não vejo que tenha algum efeito".

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