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Angola

Pepsi entrou com preços acessíveis, Coca-Cola responde na distribuição

MARCAS GLOBAIS ANIMAM MERCADO INTERNO DE BEBIDAS

Enquanto o Grupo Castel, com a Pepsi, aposta numa estratégia de ocupação de espaço e de confronto de preços, Refriango aparece com mais formatos disponíveis da Coca-Cola e maior oferta nas principais lojas e mercados de Luanda. Mesmo assim, Pepsi capitaliza os novos clientes por via da novidade.

Apenas um mês depois de o Grupo Castel ter perdido a produção e distribuição em Angola dos produtos Coca-Cola para os rivais da Refriango, decisão que incentivou o Grupo Castel a avançar para a produção local da Pepsi, a luta entre duas poderosas marcas globais vai-se acentuando nos preços, nas redes de distribuição e nas campanhas publicitárias.

Nos últimos dias, vários espaços de propaganda das principais artérias da capital do País estão a ser ocupados com a nova campanha de marketing da Pepsi. A multinacional entrou no mercado angolano a todo o vapor e, nos primeiros dias do mês de Julho, parecia estar a inundar as principais lojas e mercados de Luanda com os seus produtos.

No entanto, durante a última semana, a principal concorrente da Coca-Cola reduziu a presença nas prateleiras, com os vendedores a justificar a situação com a falta de produto disponível a partir da fábrica. Os preços também são mais acessíveis do que os praticados pela concorrência: a grade em garrafa da Pepsi estava a ser comercializada por cerca de 7.000 Kz, enquanto a lata de 33 centilitros (cl) estava tabelada nos 250 Kz. Na mesma altura, o mesmo formato da marca Coca-Cola chegou a custar 300 Kz. A diferença ainda se mantém em alguns pontos de venda.

Cerca de um mês depois, segundo uma ronda efectuada pelo Expansão em algumas lojas e armazéns de Luanda, a lata de 33 cl da Coca-Cola baixou para 260 Kz, uma alteração que parece motivada pela conquista de novos clientes. A grade de Coca-Cola em lata está agora a rondar os 6.500 Kz, enquanto um conjunto de seis garrafas plásticas de meio litro custa 3.000 Kz. A garrafa de 1,5 litros ronda os 1.000 Kz.

O Expansão apurou também que o período de transição entre o Grupo Castel e a Refriango ficou marcado por episódios que tiveram impacto no abastecimento. Por exemplo, apesar de poder comercializar e promover os produtos Coca-Cola até ao dia 1 de Julho - data em que toda a operação passou a ficar sob responsabilidade da Refriango - o Grupo Castel começou a desinvestir algum tempo antes nas suas operações relacionadas com a Coca-Cola. Esta realidade provocou escassez e, nestes casos, como afirma a lei da oferta e da procura, os preços tendem a subir.

Sem vidro não há garrafas

Outra questão que está a impactar o sector das bebidas em Angola é a escassez de vidro, seja no mercado interno ou externo. As consequências da pandemia, agravadas pela guerra na Ucrânia, estão a provocar vários constrangimentos nas cadeias internacionais de abastecimento. A falta de matérias-primas diminui e encarece a produção industrial.

No caso do sector angolano de bebidas, os quatro anos de recessão entre 2017 e 2020, a desvalorização do Kwanza (e consequente quebra do poder de compra) e a pandemia já tinham colocado sérios entraves às empresas. Durante este período, até para adequar o preço final dos produtos ao poder de compra, o País deixou de ser um grande consumidor de bebidas engarrafadas em vidro (porque são mais caras).

Todas estas questões têm impacto no abastecimento e na quantidade de produtos em circulação. Em entrevista ao Expansão, publicada na edição de 15 de Julho, Rodrigue Bila, vice-presidente da Coca-Cola para África, avançou que o investimento em Angola ronda os 30 milhões USD, com a perspectiva de criação de 300 empregos directos. "Nos próximos três anos, pretendemos acelerar a nossa operação em Angola com um crescimento forte de dois dígitos. É a nossa ambição. Não avanço um número concreto de vendas porque tudo vai depender da dinâmica, dos desafios que surjam e dos constrangimentos que possam aparecer no meio desta jornada", disse, na ocasião, o gestor natural do Burkina Faso.

Já a presença da Pepsi em Angola faz parte do plano estratégico do Grupo Castel para África, naquela que é também uma resposta à Coca-Cola e à decisão de afastar o grupo empresarial de origem francesa de 14 países africanos.

Actualmente, o Grupo Castel é a maior empresa angolana do sector, com oito fábricas de cerveja (no Cuanza Norte, Huíla, Huambo, Cabinda, Benguela e três em Luanda) e a Vidrul (garrafas de vidro)