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Angola

Presidente da Turquia em Luanda, quando Ancara tenta travar a mais elevada taxa de inflação dos dois últimos anos

Visita de Estado

Recep Tayyip Erdogan, o Presidente turco, retribui a visita do Presidente João Lourenço, à Turquia, em Julho. Em Luanda, participará num fórum empresarial, uma entre as várias actividades de uma intensa agenda de dois dias, num périplo africano que inclui a Nigéria e o Togo

Em meados do ano, a economia turca recuperava ao ritmo mais elevado das últimas duas décadas, mas os analistas estavam apreensivos, era crescente o receio do aumento da inflação.

E no momento em que Erdogan chega a Luanda, os receios confirmam-se, a taxa de inflação na Turquia está em cerca de 20%, com o governo a tomar medidas que vão contra a ortodoxia económica, como a diminuição da taxa de juro para conter a inflação, ao mesmo tempo que há uma guerra de números entre as estatísticas do governo e um grupo independente de economistas.

Entretanto, Omer Koc, CEO da Koc Holding, uma das mais antigas e relevantes empresas da Turquia, e numa rara intervenção pública, já se mostrou preocupado com a espiral ascendente da inflação, e pede uma revisão da política económica do governo do Partido da Justiça e do Desenvolvimento (AKP), de Erdogan, que está com índices de popularidade historicamente baixos.

O Produto Interno Bruto (PIB) da Turquia cresceu 21,7% nos primeiros meses do ano, até Junho, a expansão mais significativa desde 1999. O crescimento foi feito à custa de uma explosão do consumo, o que ajudou a empurrar a inflação para 19%, o nível mais alto nos últimos dois anos.

O ministro das Finanças, Lutfi Elvan, assumiu, através de um post no Twitter, que controlar a inflação e manter a estabilidade cambial é uma questão "crítica" para um crescimento sustentável.

Apesar de uma forte desaceleração económica, no início da pandemia, a Turquia foi uma das poucas grandes economias do mundo a crescer em 2020, com um crescimento de 1,8% graças a uma recuperação impulsionada pelo governo, que estimulou o crédito à economia e às famílias, e ajudado por cortes nas taxas de juros.

Em Março, Erdogan demitiu o então presidente do banco central depois de um aumento das taxas de juro para estabilizar a lira, substituindo-o pelo actual, Sahap Kavcioglu, que partilha da sua visão pouco ortodoxa da economia. Mais recentemente, novas mexidas no banco central turco, com a demissão de dois vice-governadores, traduzem a instabilidade da política monetária que arrasta a lira turca, que continua a desvalorizar relativamente ao dólar norte-americano.

E é neste contexto, da política interna turca, com os investidores a recearem a imprevisibilidade e a falta de ortodoxia económica do Presidente Erdogan, que se traduzem no desvio de 765 mil milhões de investimento estrangeiro da Turquia, que Erdogan chega a Luanda, a convite do Presidente da República, João Lourenço.

Recep Tayyip Erdogan está em Luanda e aqui vai permanecer até à manhã da próxima terça-feira, 19 de Outubro. Na manhã de segunda-feira, dia 18 de Outubro, os dois presidentes vão encontrar-se no Palácio da Cidade Alta naquele que é um momento marcante da visita.

De acordo com uma nota da presidência, "os dois Chefes de Estado vão manter um encontro em privado, ao mesmo tempo em que as delegações ministeriais respectivas se reunirão para discutir aspectos concretos das relações bilaterais".

Mais tarde, Erdogan fará uma visita à Assembleia Nacional e, antes disso, passará pelo Memorial Dr.º António Agostinho Neto para deposição de uma coroa de flores no túmulo do primeiro Presidente de Angola.

A agenda de segunda-feira fica completa com a participação num fórum empresarial e um jantar de gala no Palácio Presidencial.