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Economia

Garantia da AFC desbloqueia emissão de 258 milhões USD em Samurai Bonds

TAXAS DE JURO MAIS BAIXAS QUE AS DO FMI E DO BANCO MUNDIAL

A taxa de juro celebrada com os investidores japoneses é de apenas 2,6%, o que representa menos de metade da taxa de juro média da carteira de dívida angolana. Ainda assim, trata-se de um pequeno financiamento, que não tem qualquer impacto na alteração dessa taxa de juro média.

Angola testou o mercado de dívida japonês com a emissão em ienes do equivalente a 258 milhões USD em dívida soberana em moeda estrangeira, com maturidade de 5 anos e uma taxa de juro de 2,6%. Esta taxa de juro está muito abaixo das taxas praticadas nos mercados internacionais e representa menos de metade dos 6,54% que é a taxa média que Angola paga pela sua dívida externa actualmente. Uma taxa de juro tão baixa só foi possível graças à garantia concedida pela Africa Finance Corporation (AFC), uma instituição financeira multilateral pan-africana, criada por estados africanos em 2007 e que tem actualmente 46 estados-membros, entre eles Angola, e que mantém uma forte presença nos mercados de capitais asiáticos, onde angariou mais de 1,3 mil milhões USD na última década através de linhas de crédito chinesas, indianas e coreanas.

De acordo com uma fonte do Expansão junto de um grande banco internacional de investimento, as negociações para a emissão de títulos de divida em moeda japonesa decorriam há dois anos, e a sua conclusão agora é "excelente para Angola", já que permite "reduzir custos de financiamento, o que é fundamental para o País".

A fonte acrescentou que mais países africanos têm procurado os mercados asiáticos para "fugir" aos mais tradicionais europeu e norte-americanos, que tendencialmente cobram taxas de juro bastante elevadas para dívida africana. E um factor fundamental para essa procura passa, precisamente pela AFC, que em Julho até obteve a classificação de crédito A+ da Agência de Classificação de Crédito do Japão, o que valida a sua solidez naquele mercado. Mas a relação dos países africanos com o Japão nem sempre envolve a AFC.

Por exemplo, em Julho, a Costa do Marfim fez a sua primeira emissão de títulos em ienes, de cerca de 335 milhões USD, com taxa de juro de 2,3% com maturidade de 10 anos. Já em Agosto o Quénia recebeu um financiamento do equivalente a 169 milhões USD para injectar no sector energético. E agora Angola. Em comum todos têm o facto de se tratarem de pequenos empréstimos, sinal de que ainda há um caminho de confiança a ser construído entre o Japão e África, que deve ser feito "passo a passo".

"Creio que estas relações envolverão sempre apenas pequenos empréstimos", admite a fonte do Expansão ligada a um grande banco de investimento. Pequeno passo, pouca expressão De acordo com um comunicado do Ministério das Finanças, os recursos mobilizados com esta emissão de títulos Samurai serão aplicados no financiamento de programas prioritários do Governo, sem avançar quais.

O MinFin revela que esta operação assinala um marco histórico na estratégia de diversificação das fontes de financiamento e de fortalecimento da presença de Angola nos mercados financeiros internacionais e posiciona o país no grupo restrito de países africanos no mercado de investidores japoneses em dívida soberana. Ao todo, estes 258 milhões USD representam 0,4% do total da dívida pública angolana, que no final do III trimestre era de 65.873 milhões USD.

Face ao volume, esta emissão não terá qualquer impacto em termos de diminuição das taxas de juro médias da dívida soberana angolana, que nesta altura é de 6,54%. Por outro lado, de acordo com o relatório de balanço da Execução do Plano Anual de Endividamento de 2025, da Unidade de Gestão de Dívida do Ministério das Finanças, relativo ao I semestre, a maturidade média da divida angolana é de 10 anos, o que significa que a divida agora contraída com investidores japoneses está abaixo da média.

Ainda assim, há vários factores positivos que alguns especialistas têm defendido, já que além de uma taxa de juro muito baixa, também diversifica a divida externa em termos de regiões do globo, mas também em termos de moedas. Segundo o MinFin, a emissão - estruturada em duas tranches e realizada por via de colocação privada - integra a estratégia de médio prazo para a gestão da dívida pública e visa financiar programas prioritários do Executivo. O Grupo Mizuho - um dos maiores grupos financeiros a nível mundial - assumiu o papel de facilitador da transacção.

Leia o artigo integral na edição 856 do Expansão, sexta-feira, dia 12 de Dezembro de 2025, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)

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