Inflação dispara para 27,5% em 2024 e é a mais alta dos últimos 8 anos
2024 foi um ano de recordes negativos para a inflação ao atingir um pico de 31,1% em Julho a nível nacional e 42,9% em Luanda, mas à medida que se aproximava o fim do ano essa pressão inflacionista foi desacelerando. Pior só mesmo em 2016, ano em que o Governo aumentou o preço da gasolina e em que se deu início a um ciclo de cinco recessões económicas.
O custo de vida dos angolanos disparou no ano passado, com a taxa de inflação homóloga a fixar-se em 27,5% em Dezembro face aos 20,0% registados em 2023 (um acréscimo de 7,49 pontos percentuais), furando assim as metas do Banco Nacional de Angola (BNA) e do Governo. Trata-se da taxa mais alta dos últimos oito anos, pior só mesmo em 2016, quando encerrou o ano nos 41,1%.
As causas da inflação alta no País, que desde 2020 apenas em dois anos esteve abaixo dos dois dígitos, são sempre as mesmas: procura superior à oferta, fraca produção nacional, dependência de produtos importados e depreciação do kwanza face às principais moedas estrangeiras (dólar e euro). Em 2023 e no ano passado acresceram a estes factores a redução dos subsídios aos combustíveis, que acabaram por se reflectir em custos de produção das empresas, depois repassados ao consumidor final. É o caso, por exemplo, das pescas.
Apesar do aumento dos salários da função pública e do salário mínimo previsto para este ano, o poder de compra não será reposto este ano e poderá ser agravado quando o Governo mexer nos subsídios aos combustíveis e de outros subsídios, com destaque nos subsectores da energia e das águas, intenção que consta no Orçamento Geral do Estado (OGE) 2025.
Entretanto, para 2024, o Governo tinha previsto no OGE do exercício económico do ano passado uma taxa de inflação na ordem dos 15,3 %, que depois se viu obrigado a rever em alta para 23,4 %. O BNA, que previa inicialmente uma taxa de inflação de 19,0% viu-se obrigado a rever em alta duas vezes: a primeira reavaliação foi em Maio para 23,4% e a segunda para 27,0%, reajustada na última reunião do Comité de Política Monetária, em Novembro. Embora tenha ficado muito próxima da meta do banco central, tal como aconteceu em 2023, a taxa de inflação volta, assim, a furar a meta tanto do banco central quanto do Governo.
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